A "inforopinião", segundo Pacheco Pereira No Abrupto, José Pacheco Pereira escreve sobre A 'inforopinião' - a informação a que temos direito", num post em que lamenta o "bias" da comunicação social no modo como "inforopinou" sobre os incêndios (em Portugal) e sobre o Katrina (nos EUA). Em que consiste a "inforopinião"? Para JPP, " é um dos ramos do 'politiquês', muito praticado pelos jornalistas. Os jornais, com o estilo das notícias assinadas que misturam factos com julgamentos de valor, as televisões com os pivots dos telejornais fazendo comentários e 'bocas' pessoais, resultam numa poluição do espaço público, com efectivos resultados no incremento da desinformação". A inforopinião - e o correspondente enviesamento ético - manifestar-se-ia igualmente no "poder de nomear, mesmo á revelia dos nomeados", em especial no que diz respeio às classificações de esquerda e direita. Sem negar este "poder de nomear" do jornalismo, há que dizer - e JPP alude ao facto - que foi muito a partir do terreno partidário que veio a nomeação da direita ou do centro-direita (em contra-posição à esquerda). O argumento foi, de resto, até tempos muito recentes, usado como "motivo de orgulho", no combate político, como todos estamos certamente recordados. O que significaria que quem nomeou, neste caso, não foi, em primeiro lugar, o jornalismo. O que algum jornalismo terá feito - e essa é provavelmente outra das suas pechas - foi adoptar, sem pestanejar muito, os "termos de referência" (se quisermos, o "framing") que as fontes lhe propuseram. Mas as observações de Pacheco Pereira não deixam de ser pertinentes e, parafraseando o que ele escreve, seria "pena, muita pena" que não estivéssemos atentos ao assunto. O que creio que torna, por vezes, as observações de Pacheco Pereira sobre o jornalismo menos bem recebidas é a parcimónia com que reconhece o que também existe de bem feito, o que resulta do esforço de muitos excelentes profissionais, as duríssimas tensões que atravessam hoje algumas redacções (ou a falta dessas tensões, o que não é menos preocupante). Aludir "en passant" às "habituais excepções" chega a ser injusto para as próprias "excepções". Não esqueço um outro apelo d e um dos posts de JPP: "há também muita universidade nesta área em que professores e alunos poderiam fornecer estudos a tempo de servirem para alguma coisa, nem que seja para que uma sempre pequeníssima parte da opinião pública possa julgar sobre o produto que lhe está a ser dado". O que posso dizer é que, na Universidade do Minho, algumas condições para esse trabalho começam a existir. Através do projecto Mediascópio, está para sair um trabalho que analisa precisamente uma série de casos, ocorridos no país e no estrangeiro, em que se verificaram derrapagens éticas no jornalismo. Mas é verdade que o ritmo (lento) da investigação mais o ritmo (lentíssimo) da publicação conflituam com a tempestividade. Esse é um ponto que teremos de rever.
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