A virtude jornalística da "asseveração" Carlos Chaparro escreve no site Comunique-se (acesso mediante pré-inscrição) sobre a realidade brasileira. Mas o que diz podia, facilmente, ser transposto para a nossa realidade: "Em crises políticas como esta que atravessamos, desenrolada no espaço público do jornalismo, a desgraça maior é o uso e abuso do artifício de plantar dúvidas, para colher vitórias. Que os sujeitos sociais e políticos em confronto façam isso, vá lá... Mas algo tem de ser questionado quando a imprensa entre nesse jogo, ou até voluntariamente contribui para ele, ao substituir a precisão de fatos e dados pela insinuação de revelações em 'off', dando status de verdade a informações que não pode confirmar. Quando assim é, o jornalismo devora-se a si próprio, entrando nos labirintos da especulação, em que, tão ocultas quanto certas fontes, se tornam as intenções de certos jornalistas. É inaceitável que, por causa do sucesso imediato, se sacrifique no jornalismo o cuidado de investigar antes de divulgar. Com isso se sacrifica, também, a virtude da asseveração, característica essencial da linguagem jornalística. Para asseverar, é preciso investigar, investigar, investigar - com independência, honestidade, coragem e perseverança. Jornalismo socialmente responsável é aquele que, na convicção profissional de quem o faz, só divulga hoje o que poderá ser confirmado amanhã. Se não for assim, estaremos destruindo a base sobre a qual assenta o sucesso social e cultural do jornalismo: a sua confiabilidade, como linguagem, método e processo".
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