Ramonet e Portugal Em vários aspectos sinto-me distante das posições ou análises que sobre o campo mediático têm figuras como Ignacio Ramonet e a corrente de que ele é hoje um dos principais epígonos. Úm deles é o modo de enunciar um problema (a prevalência de uma exacerbada lógica de mercado no campo dos media) recorrendo a rankings de (re)ordenação dos vários poderes (político, mediático, económico). Mas há pontos em que Ramonet é de uma clarividência acentuada. E, na conferência que proferiu há dias em Lisboa, de que os jornais dão hoje conta, ele diz algo que pode ser aplicado ao modo como alguns jornais e colunistas se têm atirado, de uma forma por vezes descabelada ao Governo, a propósito da Entidade Reguladora da Comunicação (como a que sugere ser ele responsável pela rusga feita pelo poder judicial ao 24 Horas). Segundo relata o Público, Ramonet defendeu que "o facto dos media serem muito críticos do poder político não é sinónimo, hoje em dia, de liberdade de expressão". E, citando o conferencista,acrescenta: "Isso deve-se ao facto de os políticos terem cada vez menos poder. O poder político é o único legítimo, mas já não é o principal. O primeiro poder é o económico. E esse é mais difícil de criticar. Daí eu defender que a liberdade de expressão deixou de ser uma característica pertinente dos media. Ela já não serve o principal objectivo dos media, que era o de se assumirem como contra-poder, de se oporem aos verdadeiros detentores do poder." Quando a crítica não se sustenta em factos e argumentos válidos, ou escamoteia aspectos que são relevantes para a compreensão dos temas em debate, acaba por se descredibilizar a ela própria e, em última análise, reforçar os argumentos daqueles a quem se opõe.
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