Nestes próximos dias, a Universidade de Santiago de Compostela recebe o VII LUSOCOM (Congresso Lusófono de Ciências da Comunicação), o qual decorrerá, a partir de amanhã, na bela Faculdade de Ciências da Comunicação, obra construída por Siza Vieira. Já hoje, começa o EnBlogs, uma jornada sobre o fenómeno dos blogs, promovido pelo Consello da Cultura Galega. No âmbito desta iniciativa, os organizadores dirigiram, antecipadamente, um inquérito aos intervenientes, cujas respostas podem ser consultadas no site do evento. Deixo as perguntas e as respostas que enviei: 1. ?Que te aportou o fenómeno blog? O fenómeno blogue começou por ser, para mim, uma ferramenta acessível de registo de tópicos e de referência a assuntos que costumava, antes, anotar num caderno de apontamentos manuscrito. O blogue dava-me a oportunidade de fazer o que antes fazia de modo mais eficiente, com duas vantagens acrescidas: a partilha e interacção com outros interessados nos mesmos assuntos e a possibilidade de o fazer em grupo.Isto passava-se em 2002.De resto, há um outro ponto que eu gosto de sublinhar, porque tem para mim um valor simbólico muito importante. Embora já tivesse ouvido falar de blogues, foi numa aula de mestrado, e com os alunos, que eu aprendi a construir um blogue e a descobrir o alcance cultural, pedagógico e político desta ferramenta. A partir do ano lectivo de 2002-2003, todo o processo de ensino-aprendizagem do jornalismo, matéria que lecciono da Universidade, passou a contar com os blogues como espaço de publicação.Como cidadão, como professor e como jornalista, sinto que os blogues representam uma mais-valia notória ? a auto-edição, a aprendizagem colaborativa, a informação de raio mais alargado, o debate e a troca. 2. ?Son os blogs unha moda social ou viñeron para quedarse? Para muita gente, os blogues são uma moda. Tornou-se chic ter um blogue. Mas isso não quer dizer que os blogues sejam um fenómeno passageiro. Ainda que venham a mudar significativamente algumas das características que hoje apresentam. Como acontece com o fascínio de um novo ?brinquedo?, uma boa parte daqueles que se lançam na empresa de criar um blogue desistem ao fim de algum tempo: por cansaço, por não terem que dizer, por verem que as audiências não os convertem em vedetas ou por outras razões. O que é surpreendente, na blogosfera, é a diversidade de iniciativas, de interesses, de propostas e de temas. Há muito lixo, muita conversa mole, muito voyeurisme, muito narcisismo? Certamente. Mas existe, ao mesmo tempo, um espaço no qual, de forma por vezes impressionante e surpreendente, emerge a descoberta do talento escondido, da criatividade fulgurante, da solidariedade, da beleza e da ternura. 3. ?No ano 2005 produciuse unha auténtica explosión do número de bitácoras en galego. Cres que o fenómeno seguirá expandíndose? Os dados do Technorati, por exemplo, continuam a reiterar a ideia de que o número de blogues dobra a cada seis meses, isto desde 2003. A quantidade é um sintoma de curiosidade, de gente que procura um espaço para dizer que existe e para tomar a palavra. Mas o que surpreende na blogosfera, e provavelmente continuará a surpreender, é a diversidade, a versatilidade das utilizações, as dinâmicas sociais de que os blogues são expressão. 4. ?Enriquecen os blogs a esfera pública e fomentan a pluralidade? É verdade que não é por muita gente começar a expressar-se ao mesmo tempo que há mais comunicação. Isso pode até amplificar o ruído e a incomunicação. Do meu ponto de vista, é, porém, extremamente positivo que mais pessoas e mais grupos possam ter a sua palavra e a sua voz na web; que possam ser lidas, vistas e ouvidas; que possam escutar e ler informações e opiniões diferentes daquelas que os grandes media veiculam; ou que comentem, de forma crítica e esclarecida a informação dominante. Desse ponto de vista, a esfera pública alarga-se e enriquece-se. 5. ?Que influencias pensas que teñen os blogs na vida cultural e nos medios de comunicación? Uma das maiores promessas da blogosfera é a possibilidade de curto-circuitar a auto-referencialidade das formas culturais e mediáticas dominantes: revelando novos autores e criadores e permitindo o acesso de mais pessoas à publicitação. Por outro lado, os blogues podem constituir-se como instâncias de escrutínio do jornalismo e dos media. Não são, em si mesmos, jornalismo, no sentido profissional do conceito, mas alargam os círculos de conversação a que o jornalismo dá, ou deveria dar, origem.
Nota Edibloguetorial: ainda o Pacheco Pereira
Andam por a? a espica?ar-me para responder a um texto publicado por Pacheco Pereira, no "P?blico". Ora, antes de mais, devo dizer que, emocionalmente, tenho, relativamente ao referido senhor, a mesma reac??o que com a B?rbara Guimar?es: sempre que ele emerge por um dos meios de comunica??o tradicionais, eu mudo de canal, ou seja, n?o faz parte nem do meu imagin?rio nem das pessoas sobre as quais tenha qualquer opini?o, para al?m de um breve epit?fio mental, que n?o irei reproduzir aqui. Quanto ao "P?blico", apenas lhe conhe?o os cabe?alhos, e faz-me ele sempre lembrar uma estante de letras que caiu e se espalhou pelo ch?o, ileg?vel, e a pedir uma boa vassourada...
Portanto, foi j? a contragosto que passei pelo tal "Abrupto", s?tio que tamb?m n?o me motiva, entre outras raz?es, porque, como laborador da l?ngua portuguesa, metade daquelas p?ginas se encontram escritas em ingl?s, idioma que n?o tenho paci?ncia para ler ali, e, quanto ? outra metade, mais valera que tamb?m nele estivesse escrito...
Passei, pois, por alto, os olhos pelo texto, longo, chato, e, como sempre, falho de capacidade sint?tica. Apenas retive o seguinte par?grafo, que passarei a citar aqui: "No caso portugu?s, os comentadores n?o parecem ser muitos, embora a profus?o de pseud?nimos e nick names, d? uma imagem de multiplicidade. S?o, na sua esmagadora maioria, an?nimos, mas o sistema de nick names permite o reconhecimento m?tuo de blogue para blogue. Est?o a meio caminho entre um nome que n?o desejam revelar e uma identidade pela qual desejam ser identificados. Querem e n?o querem ser reconhecidos."
Esclare?a-se o tal Pacheco do seguinte: antes de o Espa?o P?blico de Express?o Portugu?s ter sido invadido pela presente m?quina, castradora e infernal, de coac??o, censura, compadrio, nepotismo, capelismo e prostitui??o, extens?vel a tudo o que ? televis?o, r?dio, jornal, revista, editora e outros meios, que me poder?o agora falhar, nesse tempo, que era, por exemplo, o tempo da "Outra Senhora", que suponho que o Pacheco ter? bem conhecido, nesse tempo, como em tantos outros tempos, algumas das melhores vozes j? eram remetidas ? chamada edi??o com... "pseud?nimo".
Eram tempos sufocantes, e as pessoas escolhiam ligeiras m?scaras que as protegessem da polui??o e dos riscos da situa??o reinante; infelizmente, nunca se poderia pensar que essa polui??o e a sensa??o de sufoco se pudessem, de tal modo, alargar, que at? a publica??o, atrav?s de pseud?nimo, se tornasse imposs?vel. Pois, esse tempo chegou, e, ao chegar, remeteu para o "no-man's-land" do Virtual a derradeira possibilidade de expressar o que, realmente, ainda ? escrito contra o obsessivo bloqueio do Sistema.
Tempos vir?o, em que, como sempre aconteceu na Hist?ria, os recordados acabar?o por ser os que escreveram nessa Terra de Desola??o, "malgr?" os esfor?os dos pachecos pereiras de todos os tempos para, por cima deles, granjearem a Eternidade.
Corrija, pois, o cavalheiro, o seu l?xico e os seus referenciais: os "an?nimos" da Blogosfera, n?o s?o hoje mais do que os "pseud?nimos", e, mesmo, os "heter?nimos" de antanho, antes de ele, e os seus pares, terem conseguido chacinar a Liberdade de Express?o e os derradeiros espa?os de combatentes da Esfera Real.
Acontece.