Relativamente ao depoimento que dei ao jornalista Pedro Araújo, para o destaque que o JN dá hoje ao Dia da Liberdade de Imprensa, havia mais uma pergunta que, julgo que por razões de paginação, não pôde entrar. Perguntava-se: "Há outras realidades que, no caso de Portugal, também sejam preocupantes?" A resposta que dei foi: "Infelizmente, há. Destaco duas, de natureza completamente diferente. A primeira tem que ver com as repercussões no nosso país do caso da publicação das caricaturas de Maomé. Devo confessar que fiquei preocupado com a afloração de um conceito de liberdade de expressão e de imprensa apresentado como se fosse um absoluto, que faz tábua-rasa das responsabilidades individuais e colectivas inerentes ao exercício da própria liberdade. A outra realidade a que julgo ser de fazer referência e que, de forma silenciosa, mina a liberdade de imprensa consiste nas condições deploráveis que afectam o exercício do jornalismo. A precarização do trabalho profissional; a pressa em divulgar sem verificar ou amadurecer; o recurso a trabalho 'escravo'; a espectacularização da insignificância; a submissão do interesse público ao negócio são caminhos do jornalismo que deveriam merecer um 'choque' cívico e profissional, antes que esvaziem a liberdade de imprensa ou a tornem numa mera figura de retórica".
Foi realmente uma pena que essa parte do discurso tivesse que ficar de fora da pagina??o...
As quest?es t?cnicas (pagina??o, programa??o, etc) sempre tiveram as costas bem largas !