O Jornal de Notícias, com as especiais responsabilidades que lhe cabem, no quadro da Imprensa em Portugal, tem vindo, nos últimos dias, a escrever de forma repetida e contumaz o nome da criança de Viseu, a propósito do julgamento dos pais, acusados de sevícias e maus tratos. O caso do JN é particularmente grave, visto ter havido, pelos mesmos motivos, uma intervenção do seu provedor do leitor, em Dezembro último, e ter sido dada, na altura, pela Direcção do diário, uma orientação no sentido de esta prática não voltar a repetir-se. Fica aqui a recordação de parte daquilo que o próprio jornal publicou em 8 de Janeiro passado, na coluna do provedor (que - para o caso pouco importa - era o subscritor deste post):
"Por haver, nesta matéria, aspectos relacionados com a orientação editorial, o provedor quis conhecer igualmente a posição da Direcção do JN. O director-adjunto David Pontes, depois de ouvir os editores mais directamente envolvidos no processo, confirma, em traços gerais, o que refere o jornalista citado: que o facto de o nome da vítima ter sido 2profusamente divulgado por outros órgãos de comunicação social, nomeadamente pela televisão" levou a que se considerasse não fazer sentido a reserva por parte do JN. Acrescenta, no entanto: "Não foi, na opinião desta Direcção, o juízo mais correcto. De facto, estando a criança viva, não faz qualquer sentido não manter a reserva do nome, mesmo tendo ele sido erradamente divulgado por outros. Daí que, logo que fomos alertados para o facto, tenha sido acordado entre todos retirar o nome da vítima de futuras peças e tomar o máximo de atenção em casos similares que venhamos a noticiar".
E ainda:
"O comportamento do Jornal de Notícias, neste caso, merece reprovação por dois motivos: em primeiro lugar, por ter-se servido do argumento da infracção alheia para também infringir, numa matéria em que está em causa um direito fundamental da pessoa humana; em segundo lugar, por não terem funcionado mecanismos de alerta e de mudança de comportamento".
Muito bem notado!
Fa?o minhas as palavras do Manuel Pinto.A direc??o do JN n?o mudou de opini?o relativamente ao texto que cita. Infelizmente voltaram a falhar mecanismos de controlo. Nada mais me resta do que assumir a culpa e pedir desculpa
Gostaria de saber se sao da opiniao que se deveria utilizar um nome falso para a crianca ou entao como acham que ela deveria ser designada. Alem de se criticar o que esta mal, devem ser explicadas as alternativas para que n?o se voltem a cometer os mesmos erros.
O JN peca muitas vezes pela falta de rigor, mas ainda bem que o seu director assume aqui o errro... ? sinal que vai estar mais atento, a bem dos leitores!