Umas breves palavras sobre o jornalismo de causas e sobre a questão levantada pela Elisabete, que sugere que os jornalistas pensem o seu papel: 1 - Eu ainda não sei qual é a minha causa no que diz respeito ao conflito do Médio Oriente. Pelo simples facto que o tempo não me chega para ler e pesquisar tudo quanto devia para formar uma opinião fundamentada, crítica e daí chegar à causa. E o mais grave é que meia dúzia de vezes já tive que escrever notícias sobre o assunto. Pior ainda é que não é um problema exclusivamente meu: quem passa o dia todo a fazer agenda e trabalhos em diversas frentes (a tal polivalência temática de que fala o professor Manuel Pinto) e depois ainda tem que escrever uma página a resumir o que de mais importante se passou na Cisjordânia não pode fazer mais... e a mais não será obrigado. As redacções têm cada vez menos gente, cada vez pior paga e sem oportunidade para parar e pensar naquilo que está a fazer. Um dos maiores problemas do jornalismo é a rapidez a que os seus profissionais são obrigados a produzir. A reflexão não é uma prioridade do jornalismo e devia ser - esta é a minha causa. 2 - Também gostava muito de ver os jornalistas a pensarem naquilo que fazem, a debaterem o produto do seu trabalho e as consequências que tem. Gostava de ver criada uma associação de jornalistas que começasse a resolver problemas essenciais como o acesso à profissão. O problema é que os jornalistas são cada vez menos autónomos e o romantismo do ofício passou a mito. Hoje em dia, somos todos assalariados, sujeitos a grandes pressões de tempo, presos em filosofias editoriais viradas para a concorrência desenfreada e sem condições de dizer "vou sair daqui e fazer jornalismo como realmente quero" (dou um doce a quem puder dizer isto!). Apesar de tudo, tenho esperança na retoma...
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