A coluna da Provedora do Leitor do "Diário de Notícias", intitulada "Mimetismos", aborda o lugar e papel dos leitores num projecto jornalístico. Alguns passos da coluna de Estrela Serrano constituem achegas para o debate sobre o artigo de Pacheco Pereira, de há dias, no "Público". Cito: "(...) O sociólogo Robert Entman (1989) escreveu que a democracia mediática está em perigo de tornar-se uma democracia sem cidadãos. Isso acontece, segundo o autor, porque a maior parte da cobertura jornalística é orientada por forças que encaram as pessoas mais como consumidores passivos do que como cidadãos activos. Para os jornalistas e para os analistas e comentadores, sobretudo do campo político, que escrevem e opinam nos media, o público tornou-se mais um mercado para ser testado, persuadido e vendido do que um parceiro igual no processo de comunicação e de governação". "As teorias de Entman vêm ao encontro de outras posições que afirmam que os jornalistas escrevem, sobretudo, para as suas fontes. Estudos nos EUA, baseados em entrevistas com jornalistas e políticos, mostram que o processo de comunicação se constrói essencialmente para benefício dos «actores» que estão por dentro do processo (insiders), que são pouco sensíveis à existência de um público com necessidades de informação. A «democracia sem cidadãos» é o resultado da marginalização do público da comunicação e da política. Entman interroga-se sobre o que são, afinal, para os políticos, jornalistas e outros insiders, os cidadãos e as suas necessidades de informação." "A ideia de democracia implica a existência de uma vida pública, isto é, que o público exprima as suas preocupações, exponha novas ideias e participe no debate. Ora, o domínio dos media por parte de um pequeno número de «actores» estreita o debate público e enfraquece a democracia. "(...)Daí que a colaboração e a crítica dos cidadãos deva ser encorajada, tanto mais que apenas uma pequena parte está disponível para reagir directamente ao conteúdo da informação veiculada pelos media. Talvez por isso os jornalistas tendam a subvalorizar as suas contribuições, alegando que são sempre os mesmos a manifestar-se. Ora, essa devia ser mais uma razão para que fossem incitados a prosseguir."
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