Os media não americanos faltaram à festa da conquista de Bagdad pelas tropas da coligação, diz Jefferson Morley, no Washington Post, em "The rest of the west is less than impressed". Morely lista as reacções de vários jornais europeus, para provar o seu ponto de vista: a simbólica retirada da estátua da praça Al-Fardous dá mais azo a comentários sobre a estratégia bélica dos aliados do que a manifestações de alegria. Jefferson Morley não viu o editorial do Público de hoje ou teria aberto uma excepção... O director José Manuel Fernandes escreve num tom algo atabalhoado, confessando, a linhas tantas, a emoção e a "lágrima furtiva" que soltou à vista dos acontecimentos de ontem. A linha de argumentação do director do Público sempre me intrigou: como é possível que um jornalista possa defender com tanto calor e sem qualquer traço crítico o comportamento dos Estados Unidos em todo este processo do Golfo? Consigo compreender quem defende e quem rejeita os motivos para levar a cabo esta guerra, mas não desta maneira. Fernandes diz que os Estados Unidos e o Reino Unido são os únicos dois países "com autoridade moral e forças no terreno" para liderarem o processo da democratização do Iraque. As forças sabemos nós que têm, mas autoridade moral?! José Manuel Fernandes devia saber melhor do que muita gente que o mundo não é preto e branco, nem se divide entre bons e maus, nem os bons são completamente bons e que muitos maus são feitos pelos bons. E que alguns iraquianos estarão genuinamente felizes, outros revoltados, outros dilacerados de dor e perda, outros cheios de medo dos soldados fortemente armados - e talvez esses, por medo, também os aclamem.
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