E, por falar em Alberto Dines, recomendo igualmente a leitura, na mesma ediç?o do Observat?rio de Imprensa, do texto do mesmo autor, intitulado "Os perigos da simplificaç?o", centrados em dois casos recentes dos EUA: as medidas da FCC sobre concentraç?o dos media; e a crise no jornalismo na sequência do escândalo Jayson Blair. Escreve: "Por mais que se tenha decretado que a m?dia americana é uniforme, indiferençada, controlada pela Casa Branca, pelos grupos econômicos e pelas doutrinas de Leo Strauss, a verdade é que nos dois casos descortinou-se um ambiente muito diversificado, marcado por controvérsias e confrontos". E acrescenta algumas notas que bem poderiam ser aplicadas à realidade portuguesa: "O mais perigoso dos subprodutos da homogeneizaç?o que domina a m?dia brasileira é a generalite, generalizaç?o compulsiva e trituradora que reduz os fenômenos aos seus aspectos mais toscos e rudimentares. A desculpa é a necessidade de tornar a an?lise intelig?vel mas, na realidade, esta "facilitaç?o" beneficia mais os jornalistas preguiçosos e/ou preconceituosos do que o p?blico. Em busca da descomplicaç?o recorre-se ao clichê e com o clichê produz-se uma adulteraç?o do quadro t?o perigosa quanto a falsificaç?o do seu conte?do. Se optamos pela fenomenologia é indispens?vel levar em conta as particularidades e n?o apenas as essências. Do v?cio n?o escapam alguns cr?ticos da m?dia e pelos mesmos motivos: a equalizaç?o grosseira, no tapa, d? menos trabalho do que a investigaç?o em busca de nuances. Como vivemos neste momento sob a égide da filosofia de almanaque pode-se dizer que separar o joio do trigo é mais complicado e demanda mais esforço do que jogar tudo no mesmo saco. ? sempre mais f?cil armar um diagn?stico totalizador (quando n?o totalit?rio) do que buscar uma avaliaç?o diferençada, mais sutil e contrastada. Com a ajuda das muletas do apriorismo ideol?gico, os fatos concretos e seus desdobramentos tornam-se agentes passivos de uma coletânea de teorias conspirat?rias. (...)".
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