Hoje é dia de S. João. Em boa parte das terras em que se faz festa e é feriado, é dia de descansar de uma longa noite de farra e folia. Não assim numa freguesia do concelho de Valongo, nos arredores da cidade do Porto. Desde tempos remotos, ali se faz uma festa durante todo o dia de S. João, que é diferente de todas as outras: centenas de Bugios mascarados e vestidos garridamente lutam contra os Mourisqueiros - um exército invasor bem organizado (veja-se as ressonâncias em confronto com a actualidade!!). Mas não se julgue que os mouros são simplisticamente identificados com os maus da fita. São, antes, um campo prestigiado e, sobretudo, decisivo para a refundação anual da comunidade local. O que isso possa querer dizer num contexto que já foi agrícola e que hoje é uma amálgama incoerente em que coexistem sectores e actividades económicas - é difícil de dizer. O que é verdade é que a fFesta da Bugiada, mais de uma vez tematizada em cinema e vídeo, é das manifestações populares mais ricas que conheço. Uma daquelas em que os processos de comunicação e os intercâmbios antes, durante e depois da festa mais acontecem- sem que haja quase necessidade de palavras: apenas dança, música, gesto, reprersentação. Não lhe falta o lado louco. e subversivo. Quem não puder lá ir, mas quiser ler algo sobre a Bugiada pode encontrar na BOCC um texto - A Bugiada: festa, luta e comunicação - que escrevi há dois ou três anos.
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