"Importante é o brindezinho"
De um texto de Eduardo Jorge Madureira, no "Diário do Minho" de domingo:
Hoje, como se sabe, é difícil encontrar um jornal ou uma revista que não tenha o hábito de presentear generosamente os seus utentes. No futuro, as regras da concorrência determinarão os novos caminhos que a imprensa deverá seguir. Pode-se, claro, seguir o rumo da qualificação do jornalismo. O mais provável, contudo, é que, em vez de ser por melhor imprensa, a opção seja por mais prendas. Criado o hábito, será difícil mudar de caminho. Por este andar, texto sem brinde, é texto sem leitores. Por mim, já me vou então prevenindo.
Brindes é o que muitos frequentadores de quiosques agora quase apenas querem. A boa informação arrisca-se a ser algo mais ou menos irrelevante. Importante é o brindezinho. Neste capítulo, a semana foi, sem dúvida, próspera. Uma espreitadela bastante rápida a dois ou três quiosques permitiu estabelecer uma lista, evidentemente pouco exaustiva, que inclui: uma máquina de barbear descartável de lâmina tripla, um colar romântico, uma toalha de praia, uma almofada de praia, um porta-moedas em três cores e um gel Sanex, um rádio lanterna, um anel mágico de paixão, duas bases para copos em bambu e, finalmente, uma bobina Krypton Fluor. Os ofertantes são as revistas "AutoPress", "Bravo", "Cosmopolitan", "Crescer", "Elle", "GQ", "Guia Astral", "Máxima Interiores" e "Mundo da Pesca".
Agora, até escapulários de Nossa Senhora do Carmo — "a última moda no Brasil, são fios para usar ao pescoço, que trazem imagens dos seus santos protectores, além de uma oração para cada ocasião", dizia o anúncio do "24 horas" .
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