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Confesso-me algo confusa em relação ao protocolo ontem assinado entre os três operadores de televisão que traduziu, segundo o ministro Morais Sarmento, o fim da "guerrilha televisiva entre operadores privados e operador público" e sinaliza o emergir de uma "atitude empresarial com consciência social". A RTP, a SIC e a TVI uniram-se para, supostamente, nos dar a todos melhor televisão, sob a coordenação do Governo. A RTP reduz a publicidade para seis minutos e meio por hora (já a partir de 1 de Setembro) e os dois canais privados comprometem-se a emitir programas com carácter de serviço público (linguagem gestual e legendagem em teletexto, emissão de produção nacional, programação para minorias étnicas), cedendo inclusive uma hora por dia de conteúdos para "as RTP" Internacional e África. A notícia do Público está aqui, assim como a lista de compromissos. O que me confunde no processo é a aparente falta de lógica da dispersão do serviço público. Captar mais publicidade não é, pelo menos aparentemente, uma contradição dos princípios de serviço público desinteressado e liberto da lógica empresarial? Segundo Pinto Balsemão e Miguel Paes do Amaral (respectivamente presidentes da SIC e da TVI), o protocolo é um passo na restruturação da comunicação social, na direcção do ideal de "publicidade zero" na RTP. Os dois empresários esperam conseguir o retorno do investimento na programação em publicidade. As minhas reticências estendem-se também ao pouco rigor das obrigações (não ouvi falar de critérios de qualidade e a Alta Autoridade para a Comunicação Social não foi chamada a intervir no processo e critica a falta de um regulador/fiscalizador do acordo). A minha suspeita sobre as boas intenções dos operadores privados subitamente tão empenhados no serviço público foi consolidada quando ouvi a resposta de Pinto Balsemão a uma jornalista da RTP que lhe perguntava se não seria pouco nobre o horário destinado às minorias étnicas nos termos do acordo (meia hora por semana entre as 6h30 e as 9h00). Diz o magnata dos media: "Como sabe, as minorias étnicas trabalham muito e levantam-se cedo. Por isso, a essa hora até podem estar a ver televisão". A SIC não deu esta parte...


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