Figaro recusa ser um jornal militante Declarações recentes, no mínimo ambíguas, de Serge Dassault, dono do grupo do mesmo nome ligado à indústria da aviação e, desde há meses, proprietário do maior grupo de imprensa francês, levaram hoje a uma posição expressiva de alerta e de aviso, da parte dos jornalistas do Figaro, em França. Em reunião que manteve no fim de Agosto com a Sociedade de Redactores daquele diário, adquirido, tal como o Express, no pacote da Socpresse, que agrupa ainda perto de sete dezenas de jornais regionais, Dassault terá declarado, nomeadamente: «Il y a des informations qui font plus de mal que de bien, le risque étant de mettre en péril des intérêts commerciaux ou industriels de notre pays.» Esta visão foi, de imediato, repudiada pelos jornalistas, primeiro do Express e, ontem, em votação secreta, pelos do Figaro, os quais temem que ela possa vir a ser convertida em orientação do grupo. A moção agora aprovada havia sido discutida em plenário de redacção em meados da semana passada e salienta que as declarações do patrão do grupo contradizem os princípios fundadores da carta dos jornalistas das redacções do jornal, os documentos que presidem ao exercício da profissão e "põem em causa os princípios de independência" do Figaro. Nada menos de 93 por cento dos votos expressos sufragaram a moção, na qual se afirma, a dado passo: "La Société des rédacteurs rappelle que Le Figaro ne peut en aucun cas se transformer en un journal militant. Il doit demeurer un grand journal d'informations nationales et internationales, un journal de référence ouvert à tous les courants de pensée, dans sa tradition longue de plus de 150 ans". Sobre Serge Dassault, actualmente com 79 anos, e na corrida por um lugar de senador, vale a pena ler um texto de Dominique Gallois e Pascale Santi, publicado hoje no diário Le Monde, que mostra de forma eloquente o cruzamento de interesses do poder económico, político e mediático.
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