Não se passou nada? Lido o Relatório da Alta Autoridade é preciso dizer que ele contém fragilidades e incongruências notórias. Partilho, em geral, os pontos salientados no Contrafactos e Argumentos. A AACS, levada pela ideia, que até é verosímil, de que uma série de factos, aparentemente desconexos, poderiam ter relações entre si e configurar uma estratégia global da parte do Governo, quis fazer agora aquilo que não fez nos anos passados. E a mistura, sem um fio lógico condutor, fragiliza o resultado final. Mas, dito isto, é razoável a posição adoptada pelos directores do Público e do Diário de Notícias (limito-me ao material disponível online)? Julgo que a posição aí defendendida esquece algumas coisas. Esquece que há muitos pontos do relatório que mereceram o consenso dos membros da AACS e que não podem ser menosprezados. Esquecem que vários depoimentos indiciam matéria que o órgão pode não ter sido capaz de apurar, mas que é preocupante. Sobretudo, faz o que fizeram alguns políticos da maioria: deslocar o foco das atenções para a própria entidade reguladora e a sua legitimidade, em vez de para os problemas que levaram a AACS a actuar neste caso. Daqui a pouco, iremos concluir que, afinal, em Portugal, nos últimos tempos, não se passou nada. Apenas uns episódios ligeiramente anormais em algumas empresas e grupos de comunicação social.
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