"Quem vigia os cães?" - comentário a um post indignado "Quem vigia os cães?", pergunta o Contrafactos e Argumentos, em resposta ao meu post anterior. Para onde ele foi levar a conversa! Deve haver ali alguma experiência passada menos agradável, para se sentir atingido de forma tão pessoal e para descortinar logo o olho salazarista por detrás de uma simples pergunta ("Irão os bloggers portugueses "adoptar" um repórter?"). Talvez não existam os fantasmas que a resposta agita. Talvez seja apenas uma forma de evocar um caso de que se falou há algum tempo e sobre ele levantar uma preocupação de que o PedroF partilha: "Acho bem a vigilância (não no sentido policial mas sim de atenção aos media)". [A propósito: eu nunca usei o termo vigilância que, esse sim, tem conotações que recuso em absoluto]. Devo dizer que a ideia da "marcação" de jornalistas por parte de bloggers nem sequer me suscita grande simpatia. Ela poderá exprimir uma preocupação de escrutinar de perto um trabalho sensível como é a cobertura de uma campanha eleitoral, mas exprime uma militância "ad hominem" ou "ad casum" de que me sinto distante. Mas mantenho o que já escrevi: são escassos os espaços de reflexão e de debate nos media "mainstream" sobre o jornalismo que se faz. E a blogosfera, com todas as suas contradições e potencialidades, constitui uma ampliação das possibilidades de alimentar uma conversa pública que - julgo eu - contribui para a qualidade do jornalismo. Recuso, por conseguinte o espírito "vigilantista", mas perfilho o escrutínio público do jornalismo. E não só do jornalismo - também dos blogues, dos professores, dos provedores, das universidades. Afinal, não é isso, também, a democracia? Sinceramente, não percebo tanta indignação.
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