Ser alfabetizado na sociedade da informação O texto que publiquei ontem no JN ("O jornal sonhado pelos jovens") tem um complemento ("Ser alfabetizado na sociedade da informação") de que destaco: "Com tão grande quantidade e diversidade de informação disponível, há hoje dois problemas novos que deveriam preocupar os cidadãos e em particular os educadores. O primeiro consiste em saber como se aprende a seleccionar a informação pertinente, a distinguir a que é relevante da que não tem utilidade e a gerir e utilizar adequadamente essa informação. O segundo consiste em interrogar o papel e importância da informação jornalística, decisiva para acompanhar a actualidade e atribuir sentido ao mundo à nossa volta, mas provavelmente cada vez mais diluída no meio da torrente de dados e de mensagens de natureza diversa. A estes dois pontos poder-se-ia acrescentar um terceiro, decisivo como passar da informação à comunicação, ou seja, como fazer para que mais informação não corresponda a menos, mas, antes, a mais comunicação entre as pessoas?Aprender a dominar as ferramentas e recursos que permitam navegar em oceanos tão turbulentos constitui, cada vez mais, um desafio à cidadania. Em vários países, tem-se vindo a apostar numa educação para os media como processo de formação básica, cuja finalidade é a "literacia" mediática e cultural, promotora de posicionamentos críticos e participativos face ao ecossistema informativo em que vivemos imersos. Até 2002, o Ministério da Educação deu sinais, embora incipientes, de pretender agarrar esta dimensão na educação escolar. Depois disso, foi o retrocesso, provocado em especial pela aniquilação do Instituto de Inovação Educacional. Mas continuaram, na sociedade civil, sinais vários de que o assunto preocupa e estimula a intervenção. Uma tarefa desta envergadura não é obra apenas dos governos, embora também não possa prescindir do seu incentivo e apoio. Os media, as instituições de formação de professores, os centros de pesquisa científica, as associações de pais e de consumidores, as fundações e associações culturais, as associações pedagógicas e científicas - todos têm um contributo a dar nesta vertente tão decisiva para a cidadania e para a simples qualidade de vida. A negligência de hoje acerca deste "analfabetismo" em torno de uma instância central da produção cultural dos nossos dias, como são os media, poderá pagar-se caro no futuro. Há um "novo mundo" em gestação e nós continuamos a encará-lo com modelos e paradigmas do passado.(...)"
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