A quadra dos incêndios e os media Em Lisboa talvez não se tenha muita noção do facto, mas houve dias seguidos, no Grande Porto e na zona de Braga, por exemplo, em que uma barreira de fumo fazia escurecer o dia, tornava o sol um pálido ou mesmo invisível ponto amarelo no céu e em que um cheiro a queimado entrava pelas casas dentro. Muitíssimo pior, está bom de ver, era o cenário nos arredores. De resto, um pouco por todo o Norte e Centro. O que surpreende e preocupa, neste quadro, é que os incêndios se tornaram uma espécie de normalidade. Como a epoca balnear. Como as filas nos acessos aos grandes centros. Como as festas da aldeia. Como comer um gelado ou preencher o totoloto. Hoje aqui, amanhã ali. É assim mesmo. Uma banalidade. Uma normalidade. Os bombeiros não têm suficientes meios aéreos? O Governo deve provê-los. Os "soldados da paz" não têm os adequados capacetes e fatos de trabalho? O ministro da tutela deve ministrá-los. Já não se pergunta pela origem (irresponsável, criminosa) do fogo. Tudo está no seu sítio. É tudo normal. Tão normal que uns miúdos que passem as tardes sozinhos, sem nada de empolgante para fazer, poderão entender que, depois de um gelado ou de uns desenhos animados, poderão perfeitamente ir brincar a atear uns foguitos. Porque não? É tudo tão normal, tão quotidiano! (Uma excepção é este trabalho do JN que - vale uma aposta? - não vai ter consequências).
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