Weblogue colectivo do projecto Mediascópio - CECS / Universidade do Minho | RSS: ATOM 0.3 |




Envie este post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Sobre os porquês de uma movimentação na blogosfera

Há algumas reflexões sobre a movimentação recente de mais de seis dezenas de blogues em torno de um comportamento concreto do jornal Público, que gostaria de partilhar, independentemente do que dirá esta noite José Manuel Fernandes. Assim:

  • Em primeiro lugar, não quero admitir a hipótese de serem infundadas as informações que o Público deu em manchete, noticiando "negociações" entre Fátima Felgueiras (FF) e dirigentes do PS, para o regresso daquela a Portugal. Se tal fosse verdade, estaria ameaçada a confiança dos leitores no jornal.
  • Contudo, quando o jornal, uma vez questionado de vários lados, para que esclarecesse o modo como actuou, se remeteu a um silêncio sepulcral, foi precisamente essa confiança que comprometeu, por deixar pairar no ar a ideia de que não tinha argumentos perante o extenso desmentido publicado por FF no Público.
  • Não colhe o argumento segundo o qual não merecem consideração aqueles que põem no mesmo prato da balança as explicações e desmentidos de uma foragida à justiça (e dos dirigentes do Partido acusado) e os factos avançados pelo jornal como o Público. E isto porque os factos que ele divulga - e que revestem, evidentemente, uma altíssima gravidade - carecem de garantias de fiabilidade, para não correrem o risco de reforçar a estratégia da própria FF.
  • De entre as garantias de fiabilidade que matéria tão sensível exige, destaco a explicação dos motivos ponderados pelos responsáveis do Público para darem a informação que deram, recorrendo a fontes anónimas. E, se possível, sinais consistentes de eventuais passos que tenham sido dados, no sentido de verificar as informações em fontes diversificadas.
  • É condenável a prática, cada vez mais frequente, nomeadamente na esfera política e desportiva, de divulgar informações e opiniões recorrendo ao anonimato das fontes. Mas é admissível fazê-lo, em circunstâncias específicas, em que esteja em causa o interesse público. Mas desde que sejam dadas aos leitores salvaguardas que assegurem que não seja posto em causa o contrato implícito de confiança em que se funda a relação com o órgão de informação. Por esta razão é que não considero retórica a pergunta que coloquei há dias neste blogue.
  • A iniciativa de várias dezenas de blogues de exigir explicações do jornal - interessa pouco como as coisas foram desencadeadas - constitui um processo saudável e demonstrativo de mudanças no campo comunicacional às quais, curiosamente, o Público até costuma prestar grande atenção, mas que, neste caso, preferiu ignorar olimpicamente (como, de resto, os outros media profissionais).
  • Provavelmente haverá distintas motivações para a adesão de um número tão inusitado (e plural) de blogues. Mas, ao contrário de algumas insinuações, nunca houve, até este momento, tanto quanto me tenha apercebido, motivos ou objectivos publicamente invocados que não sejam de pura cidadania. Não se tratou de uma movimentação contra o Público ? jornal que grande parte dos blogues aderentes aprecia e deseja que cada vez tenha mais qualidade - mas de crítica a um determinado comportamento desse jornal.
  • A movimentação da blogosfera neste caso constitui um indicador e um sintoma de uma realidade que mudou: os media profissionais continuarão a ter o poder de marcação da agenda, mas não têm mais o monopólio da palavra e conviver com esta realidade constitui um desafio para todos os actores sociais: tanto os profissionais dos media como os intervenientes dos novos media.
  • Parece-me, finalmente, um sinal positivo que seja num espaço de debate como o "Clube de Jornalistas", na 2:, que este caso, finalmente, irrompe no terreno dos grandes media, embora não como tema de confronto de ideias, mas, pelo menos, como motivo para o esclarecimento da parte do Público. O caricato da situação é que, quando essa questão for colocada, provavelmente boa parte dos telespectadores estarão a leste do que se passou e da envergadura do movimento gerado.


2 resposta(s) para “”

  1. Blogger Unknown 

    Good post

  2. Blogger Roberto Iza Valdés 

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

Responder





Quem somos

» Manuel Pinto
» Helena Sousa
» Luis Antonio Santos
» Joaquim Fidalgo
» Felisbela Lopes
» Madalena Oliveira
» Sara Moutinho
» Daniela Bertocchi
» Sergio Denicoli

» E-MAIL

Últimos posts

» Olhar, ver, enxergar "Quanto mais olhamos para as...
» Henrique Monteiro à frente do "Expresso": que come...
» Director do "Público" explica posição no "Clube de...
» "UMjornal" recebe duas menções honrosas O mensár...
» Não aceitar a "baixaria" na TV Da coluna de Franc...
» As emoções como categoria de análise no estudo da ...
» Das agências noticiosas aos blogues
» "Grande imprensa corre atrás de blogueiros" É o q...
» Wiki usado em formação sobre jornalismo online O ...
» Portugal e a TV digital terrestre Dentro de meses...

Ligações


Arquivos

» abril 2002
» maio 2002
» junho 2002
» julho 2002
» agosto 2002
» setembro 2002
» outubro 2002
» novembro 2002
» dezembro 2002
» janeiro 2003
» fevereiro 2003
» março 2003
» abril 2003
» maio 2003
» junho 2003
» julho 2003
» agosto 2003
» setembro 2003
» outubro 2003
» novembro 2003
» dezembro 2003
» janeiro 2004
» fevereiro 2004
» março 2004
» abril 2004
» maio 2004
» junho 2004
» julho 2004
» agosto 2004
» setembro 2004
» outubro 2004
» novembro 2004
» dezembro 2004
» janeiro 2005
» fevereiro 2005
» março 2005
» abril 2005
» maio 2005
» junho 2005
» julho 2005
» agosto 2005
» setembro 2005
» outubro 2005
» novembro 2005
» dezembro 2005
» janeiro 2006
» fevereiro 2006
» março 2006
» abril 2006
» maio 2006
» junho 2006
» julho 2006
» agosto 2006
» setembro 2006
» outubro 2006
» novembro 2006
» dezembro 2006
» janeiro 2007

Livros

TV do futebol

» Felisbela Lopes e Sara pereira (orgs) A TV do Futebol; Porto: Campo das Letras

» Televisão e cidadania. Contributos para o debate sobre o serviço público. Manuel Pinto (coord.), Helena Sousa, Joaquim Fidalgo, Helena Gonçalves, Felisbela Lopes, Helena Pires, Luis António Santos. 2ª edição, aumentada, Maio de 2005. Colecção Comunicação e Sociedade. Campo das Letras Editores.

» Weblogs - Diário de Bordo. António Granado, Elisabete Barbosa. Porto Editora. Colecção: Comunicação. Última Edição: Fevereiro de 2004.

» Em nome do leitor. As colunas do provedor do "Público". Joaquim Fidalgo. Coimbra: Ed. Minerva. 2004

» Outras publicações do CECS

Eventos

» Conferência: A Nova Entidade Reguladora no quadro das políticas de Comunicação em Portugal (2006)

» I Congresso Internacional sobre Comunicação e Lusofonia (2005)

» Jornadas ?Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal: Estado da Arte e Cenários Futuros? (2005)

» Todos os eventos







Subscribe with Bloglines


Technorati Profile Powered by Blogger and Blogger Templates