Quando os jornais se tornam caixas de correio das fontes "(...) As notícias sobre a barbárie moral e jurídica em que se tornou a cruzada da Administração Bush contra a barbárie terrorista já não mereceria, infelizmente, qualquer relevância não fora Bush ter classificado de "vergonhosa" não a situação mas a fuga de informação que permitiu ao "New York Times" revelar o caso. Algo parecido se passa em Portugal com a barulheira à volta das escutas telefónicas (legais) e das fugas de informação sobre processos em curso. A singularidade nacional é que, entre nós, são os próprios jornais que fazem manchetes com o teor das escutas que mais protestam (às vezes na mesma edição) contra as violações do segredo de justiça e contra as fontes que "vergonhosamente" lhes fornecem as informações que publicam, e quem mais reclama "rigorosos inquéritos". Como se os jornais, tornados caixas de correio dos interesses de certas fontes (por que mistério não haverá violações do segredo de justiça sobre o "processo BES" de branqueamento de capitais?), subitamente se tomassem de problemas de consciência e tentassem tapar com uma mão o que com a outra todos os dias destapam". Manuel António Pina, in Jornal de Notícias, 2o.12.2005
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