Caricaturas de Maomé: liberdade, pedagogia e responsabilidade Os jornais diários oferecem-nos hoje uma profusão de textos de reflexão sobre o caso das caricaturas de Maomé, maioritariamente defensores da posição de que a liberdade de expressão prevalece sobre tudo o resto. Eis as sugestões de leitura: - Pacheco Pereira: Mais vale verdes do que mortos (Público) - Augusto M. Seabra, Em louvor da blasfémia (Público) - José M. Fernandes, Liberdade e lei, ética e moral (Público) - Mário B. Resendes, O caso da fotografia assassina (DN) - Luciano Amaral, A estranha morte do Ocidente (DN) - Artur Costa, Ceder ou ponderar? (JN) - Francisco José Viegas, Ele ofende-nos.(JN). É de facto uma enorme conquista podermos ouvir-nos e ler-nos uns aos outros, de forma civilizada, mesmo (e, quiçá, sobretudo quando discordamos), porque é isso que nos permite aprender e alargar horizontes. Grave é quando a forma de resolver as nossas discordâncias e mundividências é a violência e a tirania. Este recurso é condenável. Mas nele não se esgota o problema que temos sobre a mesa. Eu continuo sem compreender porque é que a preocupação com os argumentos e as sensibilidades dos outros há-de ser necessariamente uma cedência ou a confissão declarada do medo. Não valeria mais que nos preocupássemos em salvaguardar aquilo que (fragilmente) conquistamos, sim, mas também em tornar eficaz a defesa dos nossos valores, de modo a que outros os sintam como desejáveis? Mais concretamente: vale mais "fazer peito" a quem nos questiona (e nos ameaça) ou dar força àqueles que, do lado da contestação, não alinham na violência nem na jihad?
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