Embora sem a atenção e a disponibilidade que desejaria, tenho acompanhado o debate em curso sobre o jornalismo, na sequência da publicação do livro de Manuel Maria Carrilho. Não estou seguro que, dos factos, pseudo-factos e argumentos invocados, possamos concluir que o diagnóstico está feito. Longe disso. Por outro lado, não se deve esquecer que o "campo jornalístico" (e a compreensão da sua complexidade) não pode, hoje, ser confinado às redacções e aos jornalistas. [Um sintoma disso mesmo é aquela notícia do Expresso do último fim de semana, segundo a qual mais de 70 por cento das matérias de primeira página dos principais media impressos reflectem não a agenda dos jornalistas mas a agenda das agências de comunicação, ou seja, o interesse e poder de agendamento das fontes organizadas. Nada de particularmente novo, mas que, lido assim em letra de forma, deveria suscitar um abanão]. A minha pergunta, neste contexto, é esta: não será chegado o tempo da iniciativa? Entidades e instituições como as associações profissionais e sindical de jornalistas, o Conselho Deontológico do Sindicato, a Entidade Reguladora, a Confederação de Meios e as instituições de formação de jornalistas, entre outras, têm, cada uma de per si, algo a fazer. Mas a percepção da complexidade do puzzle não exigiria que pensassem em algo todas juntas?
Manuel,
Como dizes muito bem, isto n?o ? nada de novo e tem apenas a ver com a forma como as fontes se v?m a organizar h? muitos, muitos anos. Os media d?o as not?cias, as fontes organizam-se para as dar aos media. H? algum mal nisso? Um excerto de um dos meus par?grafos:
"In his book Reporters and Officials: The organization and politics of newsmaking, Sigal (1973) showed that 58.2 percent of the page one stories in The New York Times and The Washington Post, during two weeks at five-year intervals (1949, 1954, 1959, 1964 and 1969) where coming from routine channels. Following up Sigal?s work, Jane Delano Brown and her colleagues analysed front page stories in The New York Times, The Washington Post and four North Carolina newspapers in 1979 and 1980. They also found that ?most reporting relies on routine channels and press releases? (Brown, Bybee et al. 1987, p.53)"
O an?nimo sou eu.
Curiosamente, a tal not?cia sobre os ?70%? tem como origem uma ag?ncia....
pergunta nao ha forma de corrigirem esta caixa de comentarios que nao aceita textos em portugues
Gabriel,
mas depois ha? o estudo de Vasco Ribeiro a atirar para os 73,5 por cento. Mas claro que a agencia tem interesse em publicar esse tipo de noticia: consegue provar que, pelo menos no Expresso, a sua comunicacao funciona. Os clientes vao adorar...
S? uma d?vida, para o caso de algu?m saber esclarecer: o estudo referido pelo Expresso fala de not?cias provenientes de "ag?ncias de informa??o e gabinetes de imprensa". Quando est? a falar de ag?ncias de informa??o, est? de facto a falar em ag?ncias ou empresas de comunica??o -- como tem sido interpretado generalizadamente? N?o estar? a incluir tamb?m, nas ag?ncias de informa??o, as ag?ncias noticiosas ( informativas), como a Lusa ou a Reuters? Sabemos que muitas not?cias dos jornais t?m essa origem, mas conv?m n?o confundir, pois aqui estamos perante trabalho de jornalistas... Confesso que o tal estudo me deixa algumas d?vidas. Era interessante conhec?-lo mais em pormenor, para ver que conclus?es permite.
O que diz o texto: ?CERCA de 70% das not?cias publicadas nos jornais portugueses t?m como origem as ag?ncias de informa??o ou os gabinetes de Imprensa?. Este ? o resultado de um estudo efectuado por uma das mais antigas ag?ncias a operar em Portugal, a Emirec (...)
Depois: ?fontes organizadas de informa??o?, ou seja ag?ncias, assessorias e gabinetes de Imprensa
E ainda (sobre o estudo da UP): 73,5% das not?cias analisadas s?o provenientes de assessorias de Imprensa do Governo, das autarquias e ag?ncias de informa??o.
[Mas, tendo em conta este texto, tamb?m gostaria de ler os tais estudos em mais detalhe]
Complicado. A lei que obriga ? declara??o de rendimentos dos pol?ticos n?o acabou com a corrup??o.
nao esquecer que um estudo, o dos 70 e de uma agencia, a emirec, e o outro que o PedroF, o dos 73 e de um ex-futuro-acessor de imprensa do partido socialista....
p.s nao uso acentos porque esta caixa de comentarios esta formatada para alguma lingua que nao o portugues, agradecendo-se que alguem altere isto sob pena de nao se conseguir perceber nada e a mesma perder interesse , o que e pena