Já repararam que o documento da Entidade Reguladora para a Comunicação Social que renova as licenças da SIC e da TVI e introduz um caderno de encargos para o futuro já foi publicado há mais de 15 dias e ainda nenhuma das empresas reagiu oficialmente até este momento? A TVI dá hoje um primeiro sinal do seu ponto de vista, através de um extenso texto ("As mal amadas") escrito a título pessoal pelo director-geral do canal, José Eduardo Moniz, e publicado no Correio da Manhã. No essencial, Moniz revela uma acentuada auto-satisfação com o que os operadores privados têm vindo a fazer e mostra-se partidário de um liberalismo total. Os canais deveriam funcionar sem qualquer outro escrutínio que não fosse o do mercado. O parágrafo seguinte expressa bem o seu pensamento: "O percurso dos operadores privados deve, pois, a meu ver, ser encarado numa lógica positiva e não com a perspectiva céptica, derrotista e controleira com que alguns, baseando-se em ideias expressas num documento que - queremos crer - estará, acima de tudo, recheado de boas intenções por parte dos seus autores, pretendem ver reinstalada a lógica dirigista que de forma tão nefasta marcou a nossa sociedade durante anos e anos". Ou seja, parece haver uma vontade implícita de não questionar frontalmente as posições da ERC, mas de se insurgir contra aqueles que, baseados no documento por ela produzido, gostariam que as posições sobre os operadores privados tivessem tido um cunho sancionatório e mais radical. Como acontece, na mesma edição de hoje do Correio, com a posição de Francisco Rui Cádima (cf. "Regulador poderia ter ido mais longe"). ACT. (8/7): O mesmo Correio da Manhã publica hoje uma peça ("Em desacordo com Moniz"), em que várias individualidades comentam criticamente as opiniões de Moniz. Cito a do crítico de televisão Eduardo Cintra Torres: ?José Eduardo Moniz diz pouca coisa e o pouco que diz não é novo. Quem trabalha na televisão privada é que perecebe da poda. Só eles entendem que o mundo muda e nós somos burros por querermos que respeitem os compromissos por eles próprios assumidos. (...) O que Moniz pretende é que não haja controlo por parte da sociedade sobre um compromisso assumido com o Estado. Com o seu artigo, onde diz claramente que não quer assumir os compromissos, ele pretende obter carta branca".
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