Li algumas críticas que me pareceram sérias e pertinentes a respeito do Telejornal da RTP1 do feriado de quinta-feira, dia 5. Não tinha visto as notícias nesse dia, pelo que me dei a tarefa de ir ao site da RTP rever esse vídeo. O que aí se pode observar é, de facto, dificilmente aceitável, qualquer que seja o ponto de vista que se adopte. A peça de abertura retoma o caso do sequestro num banco de Setúbal. É verdade que o desfecho só na madrugada do próprio dia 5 se verificara, mas o assunto já tinha sido tratado de véspera e nada justificava as delongas em torno do modo como as forças policiais actuaram, com um representante da PSP em estúdio, comentando imagens das operações para libertar os reféns. Os pormenores arrastam-se por uns incompreensíveis 16 minutos, explorando um acontecimento que não mereceria mais de um ou dois minutos. Segue-se, no alinhamento, a notícia da subida das taxas de juro, decretada pelo Banco Central Europeu. Seis minutos foi quanto os responsáveis do Telejornal atribuiram à matéria, apesar de a própria peça negar a importância que lhe foi dada, ao notar que o anúncio foi "o que já todos esperavam" e que "a razão é sempre a mesma". O motivo da notícia era escasso, mas a RTP entendeu encher chouriços indo para a rua fazer aquelas perguntas óbvias que só podem receber respostas igualmente óbvias. Tudo o contrário daquilo que se costuma entender por jornalismo. É em terceiro lugar, quando se leva já, mais de 22 minutos de Telejornal que chega uma das mais importantes notícias do dia: a manifestação de professores em Lisboa, que o autor da peça considera "a maior desde o 25 de Abril" e, mesmo, "o maior protesto de rua de sempre" da classe docente. Se assim foi, será aceitável que o assunto tenha sido colocado em terceiro lugar e tratado de fugida? Os 2,5 minutos que ocupa tornam-se ridiculos em face dos 16 atribuídos a um sequestro requentado. E não é apenas a duração da peça. O tratamento é do mais convencional que pode haver. A outra notícia do dia - o agendamento político do problema da corrupção pelo presidente Cavaco Silva, no seu discurso comemorativo da implantação da República - surge em quarto lugar, já perto das 20.30. Igualmente a correr, já que o destaque, nesta matéria, vai para a abertura do Palácio de Belém à visita dos populares. Torna-se deprimente ver José Alberto Carvalho como pivot de um serviço destes. E torna-se, sobretudo, preocupante, ver o serviço público dar sinais de um enviesamento que não pode deixar de ser denunciado.
De facto, os telejrnais portugueses s?o vergonhosos. Mas as responsabilidades avolumam-se quando se trata do servi?o p?blico.
O que quase sempre acontece ? assistirmos a uma hora e meia de reportagens sem qualquer noticiabilidade, ao contr?rio do que acontece no resto da Europa. O gatekeeping das redac??es est? extremamente aprisionado ao interesse do p?blico em vez de se preocupar com o "interesse p?blico", que s?o coisas bem diferentes. E eu nem quero acreditar que assim n?o seja, porque significaria pura falta de entendimento do assunto por parte dos profissionais.
Por outro lado, os telejornais acabam por ser o reflexo da estupidifica??o da opini?o p?blica portuguesa, n?o vos parece?
cumprimentos
o servico publico de televisao esta num estado lastimavel. uma programacao superficial e futil - quando nao e assim e porque ja sao 2 da madrugada, e uma informacao para guerra de audiencias.
mas a rtp esta contente por ser a segunda estacao publica da europa com menos custos ... almerindo marques deve estar muito contente ... mesmo que o produto seja fraco. qual fraco ? ate tem alguma audiencia ...
quem manda ? luis marinho, que aterrou na rtp pela mao de durao e o tal turbodirector (subdirector de informacao, que agora, para la de acumular com a rtp centro, acumula com a rtp norte), sao capazes de tudo. jmportugal tem grande experiencia na absoluta falta de etica - era jornalista da rdp e trabalhava ao mesmo tempo para a sic. a teoria de rangel da venda de sabonetes ou presidentes, seguiu-a sempre devotamente. tem interesses em empresas privadas de audiovisuais e eventos que jogavam habilmente com coberturas mediaticas (mesmo simuladas) e camaras municipais. com este background o que podemos esperar ? ... talvez almerindo marques deitando foguetes quando a rtp for o canal publico da europa a gastar menos dinheiro ... ah ! nao esperem pelo provedor
E realmente lamentavel este de alinhamento do telejornal... Ja nao vale a pena ir ac correr ligar a televisao as 20h00 para ver as noticias mais importantes... La para o meio nao perdemos nada... Ate que se chegue a conclusao que nem vale a pena ver nada... E procuramos outros meios...
Concordo com a sua an?lise, que vai bem at? ao ?ltimo paragrafo, a? falha-lhe o pulso
e o remate sai ao lado. Alias esta sua cronica ? bem o retrato dos problemas do Pa?s a v?rios n?veis, da justi?a ao empresariado e ? at? a causa de um clima cinzento que vagueia entre o amiguismo e a social corrup??o.
O Jos? Alberto Carvalho ? o principal culpado por aquela pe?a ter ido para o ar, era ele o pivot e tem cargo directivo na ?rea de informa??o, n?o ? mais ninguem.
E era por aqui que devia ter come?ado o seu texto.Agora esse apontar vago de culpas ? RTP n?o ? mais que branquear a verdadeira responsabiliza??o, os respons?veis est?o l?, t?m rosto e nome, nesse dia foi o J.A.Carvalho, noutros dias outros ser?o.
Estou farto de viver num Pa?s onde os que est?o presos s?o ladr?es de p? descal?o e pilha galinhas e onde os principais responsaveis se passeiam num qualquer Mercedes e beneficiam do respaldo da comunica??o social e seus criticos. N?o que o caso seja compar?vel, ? apenas um sinal, um forte sinal.
subscrevo o conte?do (l?cido e bem analisado) do "post", mas contrariamente a um dos coment?rios aqui expressos, eu espero pelo provedor...