A comunicação que apresentei no 3º Encontro Nacional sobre Weblogs, que decorreu na sexta e no sábado no Porto, deu, na altura, origem a um debate que foi para mim importante. Como outras actividades não me permitiram continuar as trocas de opiniões então encetadas, irei publicando aqui os dez "posts" em que assentou o que disse. Isto na expectativa de que quer os que estiveram na Universidade do Porto quer outros interessados nestes temas possam ajudar a completar, corrigir e enriquecer as ideias que lancei. Esta comunicação procura chamar a atenção e reflectir sobre um aparente paradoxo: à primeira vista, a blogosfera - na esteira das dos newsgroups ou das BBS - veio alargar as possibilidades do exercício da cidadania. Uma profusão de experiências ? algumas das quais inovadoras ? de acção participada em rede têm vindo a ocorrer. Mas, por outro lado, há análises e balanços que apontam para um recuo e um enfraquecimento global da participação dos cidadãos na esfera pública, por efeito da prevalência da mercantilização da cultura e da política e do impacte de lógicas extremas de competitividade (Bardoel e d?Haenens, 2004:166)*. A pergunta, por conseguinte impõe-se: os sinais de participação social que em torno das ferramentas da web 2.0 se manifestam constituem o prenúncio de novas práticas sociais e de novas modalidades de participação ou, pelo contrário, remeterão para nichos de minorias entusiasmadas com o poder da tecnologia? É que poderia dar-se o caso de se estar a tomar a nuvem por Juno, extrapolando o nosso universo particular para a realidade mais geral. Ou, pelo contrário, perante os passos iniciais de um laboratório social em que algo de substancialmente novo se está a projectar. Do que se trata, pois, é de interrogar o real alcance do que se tem vindo a viver ou a descobrir, particularmente na última meia dúzia de anos, com base na 'web social'. Esta é, certamente, uma tarefa imensa, sempre inacabada e naturalmente merecedora de aproximações e contributos diversificados. Aqui focarei apenas alguns dos desafios e controvérsias que, na sua relação com a cidadania, têm atravessado o campo ao qual estou mais ligado, por formação e actividade: o jornalismo. (* Bardoel J.; d Haenens, L. (2004) Media Meet the Citizen - Beyond Market Mechanisms and Government Regulations. European Journal of Communication, vol 19(2): 165?194)
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