"Mesmo aqueles [congressos partidários] onde existe confronto e não apenas a consagração de líderes previamente eleitos estão construídos em função da televisão. A presença maciça de câmaras e repórteres, uma prática que remonta ao congresso de 1995 do PSD, destruiu tudo o que existia de autêntico e imprevisível nestas cerimónias. O mensageiro matou o acontecimento e o acontecimento transformou-se num simulacro produzido à medida da imagem. " Miguel Gaspar, in O falso congresso (Diário de Notícias)
Em janeiro de 2004, a prop?sito dos debates sobre o papel da imprensa no caso Casa Pia, este blog reproduziu trecho de artigo de Jos? Vitor Malheiros demonstrando, a meu ver de maneira irretoc?vel, que o jornalista era um mediador, jamais um mensageiro. N?o entendo como, depois disso, ainda se insiste nessa imagem falseadora. Da mesma forma que ? falsa a id?ia de que a m?dia, sobretudo a televisiva, conspurca e desvirtua a cena pol?tica: de fato as cerim?nias s?o constru?das em fun??o da televis?o, mas isso n?o as transforma em simulacro, como se houvesse uma representa??o mais leg?tima ou aut?ntica na aus?ncia da m?dia. A prop?sito, recordo artigo de M?rio Mesquita no P?blico, em outubro de 2004, sobre "o teledebate da Fl?rida", amparado num livro de Michael Schudson (The good citizen), que desfaz o mito da pol?tica "s?ria" supostamente prevalecente antes do desenvolvimento das telecomunica??es.