O número de Julho de "UM Jornal - a Universidade do Minho em notícia", dirigido por Joaquim Fidalgo, traz uma página inteira sobre a blogosfera (não está ainda disponível on-line). Publica igualmente um artigo de opinião de Helena Sousa, Directora do Departamento de Ciências da Comunicação, no qual aborda a relação entre jornalistas e cientistas. Referindo-se à queixa de cientistas de que a astróloga Maya tinha mais espaço na RTP do que o campo da ciência, escreve, a dado passo:
"Se a ciência produz novidades necessariamente relevantes e se esta é a matéria-prima do jornalismo, por que são ignorados os cientistas? Se a ciência produz as mais belas histórias, por que não vale a pena contá-las? Começar a resposta pela ignorância crónica do povo, não nos levará longe. Continuar a elaborar sobre a inultrapassável falta de talento dos jornalistas, também não nos tira do marasmo. Mas talvez já valha a pena interrogarmo-nos sobre o que temos feito, nós investigadores, pela divulgação da ciência. Quantos cientistas consideram a divulgação pública dos seus trabalhos como uma responsabilidade social e uma exigência de cidadania? Quantos desenvolvem esforços no sentido de apresentar à comunidade e à imprensa os seus projectos e respectivos resultados?"Reconhece Helena Sousa que "as actuais lógicas de produção jornalística estão longe de permitir aos jornalistas o tempo e o espaço que a complexidade da ciência exigiria". Contudo, observa:
"As dificuldades de um lado não justificam, no entanto, a inacção do outro. Os cientistas também devem procurar compreender as lógicas fundamentais da construção das agendas mediáticas e da construção narrativa nos vários suportes. Não podem temer a «redução» das suas densas teses a meia dúzia de caracteres ou de segundos. O jornalismo não existe para contar a história toda. Mas, agarrando o olhar, abre caminho a histórias mais longas que podem ser contadas noutros lugares".
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