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TELEJORNAIS "PERIGOSOS" PARA CRIANÇAS E COM REPORTAGENS REPETIDAS O jornal Público publica hoje dois interessantes artigos de colunistas, ambos tratando questões relativas à televisão. O primeiro, da autoria de Fernando Ilharco, refere a violência nos telejornais televisivos: "Apesar da violência física e psicológica que corre nos canais televisivos a quase todas as horas, podem muito bem ser os noticiários, sobretudo os do 'prime time', que transmitam as imagens, os sons e as histórias potencialmente mais perigosas e perturbadoras para os mais frágeis, para os mais desprotegidos e para os mais novos. Muitas vezes, nem as novelas, nem os filmes, nem os concursos-salve-se-quem-puder os conseguem bater". Debruçando-se sobre o papel da televisão na educação das crianças, Fernando Ilharco afirma que "A televisão hoje está em todo o lado e a todas as horas. Seja de manhã ou ao final da tarde, num dia de semana ou num qualquer domingo, qualquer pessoa, qualquer criança pode de súbito ver-se envolvida por uma violência, repulsa e decadência que a paralisa. Os pais não têm o dom da ubiquidade mas a televisão tem e é por isso que não é razoável que seja a televisão a marcar os tons e os sons do país mas sim o contrário, isto é, que seja o país, os portugueses, sobretudo o que Portugal projectar dos portugueses no futuro, a determinar o relevante, as cores, as esperanças e os desafios do dia, dos dias e dos tempos". Finalizando, e num tom que permite acalentar alguma esperança relativamente ao futuro, o autor entende que "Tudo pode ser dito aos mais novos num discurso do seu próprio mundo e não no de um outro, o qual cremos não ser também o do mundo da maioria de nós". Não chegava efectivamente a violência emitida em horário nobre pelas séries e filmes. A realidade demonstra que os serviços noticiosos televisivos são também emissores de imagens, sons e mesmo comentários violentos que, naturalmente, são absorvidos pela enorme audiência televisiva em "prime time", na qual estão incluíndos milhares de crianças. "Estima-se que quando uma criança europeia ou norte-americana atinge os 16 anos de idade já viu na televisão e no cinema histórias que envolvem 200 mil assassinatos. Mesmo os desenhados animados, não poucas vezes, abordam a temática do crime. Outras vezes ainda, a violência surge como algo de normal. A violência é apresentada como 'não violência' e a morte como algo 'não definitivo' - os bonecos morrem umas tantas vezes; e por vezes na mesma história... " Por outro lado, Eduardo Cintra Torres, analisa os telejornais estivais e conclui que estes apresentam como novidades notícias velhas, procuram notícias onde elas não existem. Chama-lhes "Saldos de Verão": "As poucas notícias são esticadas - e repetidas, e repetidas no mesmo noticiário. Já ao nível da fraude, pelo menos no Jornal Nacional da TVI, repetem-se "reportagens" apresentadas há meses mas como se fosse a primeira vez". Mas nem tudo é negativo. "o Verão traz à superfície dos canais generalistas as suas piores características, mas também traz de volta alguma da melhor televisão do mundo de anos recentes e décadas passadas".


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