Quem domina os media portugueses? "Quem domina os media portugueses? A esquerda ou a direita?" - pergunta, no Diário de Notícias, Pedro Mexia (ele próprio assumindo-se como colunista de direita). Resposta do próprio: "quem domina é o centro"; "uma análise detalhada(...) aponta para um pluralismo sem claro predomínio". Observando que "poucos jornais portugueses praticam o jornalismo de tendência" e que, de um modo geral "em geral as notícias parecem equilibradas", o autor considera "muito falível " o critério da propriedade dos media, uma vez que um capitalista não faz necessariamente um jornal de direita (como comprovaria o caso de Belmiro de Azevedo). Pelo contrário, o poder dos directores e editores de filtrar ideologicamente a agenda e construir o que merece destaque já seria um poder determinante. Mais marcante ainda: a opinião, que se manifesta nos editoriais, nas análises, nos colunistas. Mas, aqui, o panorama seria, segundo Pedro Mexia, pautado precisamente pela órbita do grande centro político, de pendor ora mais conservador ou mais de esquerda. Um ponto que a opinião do autor suscita é este: qual a relevância, hoje, do critério ideológico esquerda-direita para analisar os media? Será que ficam de fora do campo de análise aspectos significativos da realidade que outra grelha porventura evidenciaria? Será que um media assumidamente de esquerda e um media claramente de direita dariam voz, por exemplo, a outro tipo de protagonistas sociais e culturais? Será que os critérios de noticiabilidade se alterariam por esse facto? Um outro texto do mesmo jornal, assinado por Paulo Morais ("Mediocracia"), por exemplo, sugere - exageradamente? - que existem dois países: o país concreto, o das preocupações da maioria das pessoas, e o país virtual, retratado pelos meios de comunicação social. Outro aspecto em que a argumentação de Pedro Mexia podia ser um pouco mais elaborada refere-se à sugestão de que a propriedade dos media é um factor com menores incidências no controlo editorial do que, por exemplo, o poder dos directores e editores. É verdade que as direcções editoriais não têm de ser uma "master's voice" e que, uma vez designadas, se submetem também à pressão dos princípios orientadores da profissão. Mas a realidade é que uma empresa dificilmente vinga se a sua direcção estiver a remar contra os interesses dos respectivos donos. Ou seja, não parece que contrapor os dois níveis seja especialmente relevante, em matéria de análise do controlo dos media. Talvez se tenha de ir um pouco mais longe.
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