Polémica dos crucifixos: crucificação do jornalismo? Poucas matérias, nas últimas semanas, motivaram tanta opinião na imprensa como a decisão do Ministério da Educação de mandar retirar os crucifixos que existiam em algumas escolas. Tem havido dias em que esse tópico domina e hoje será um desses dias (no Público e no DN, em particular). O clima de disputa eleitoral pode não ser de todo alheio a este puxar pelo assunto. Mas o simples facto de ele merecer tanta detença diz muito sobre um problema não resolvido na nossa cultura. As posições são defendidas com ardor e, de um modo geral, parece-me salutar que este debate se esteja a travar. Mas há demasiados bloqueamentos e medos que não nos deixam pegar na questão com abertura e profundidade. Sobretudo porque o tema está muito longe, creio eu, de se limitar ao eixo religiosos-laicos. No plano político e cultural, varre-se para debaixo do tapete, a fim de evitar, por exemplo, uma nova "questão religiosa". Neste contexto, pergunto-me se o jornalismo não tem estado excesivamente ausente; se não tem sido demasiado cauteloso; se alguma informação necessária à contextualização do caso não tem surgido na arena pública mais pela via da opinião do que pela investigação jornalística. Como tem acontecido noutros casos, o jornalismo desencadeia a polémica, ao noticiar determinados factos. Mas, depois, parece não ter pedalada para acompanhar aquilo desencadeia. Estarei errado?
0 resposta(s) para “”
Responder