Como pensar a crise da Imprensa sem repensar o jornalismo? As novas funções de Miguel Gaspar enquanto editor exeutivo do DN serão certamente importantes do ponto de vista da gestão e organização dos recursos do jornal. Do ponto de vista dos leitores é,porém uma pena que aquele jornalista não possa publicar os seus comentários e as suas leituras sobre o campo dos media e do jornalismo com a asiduidade a que nos tinha habituado. Porque Miguel Gaspar pensa e ajuda a pensar, o que não é pouco, no jornalismo dos nossos dias. Aí está a sua coluna de hoje para o mostrar. Intitulada "E que tal vender uns jornalitos?", reflecte sobre um dos temas da semana que passou - a crise de venda e de leitura de imprensa de informação geral. Subscrevo o que sugere o editor do DN: uma das frentes decisivas por que passa a resposta a essa crise reside em repensar o jornalismo que se tem feito: "Hoje temos uma enorme dificuldade em pensar o jornalismo. Sobretudo em pensá-lo em função das expectativas dos leitores e não apenas dos códigos e preconceitos de quem reporta. Os jornais vendem menos por se terem afastado das pessoas. Somos prisioneiros das nossas ilusões em relação ao que os leitores realmente querem. Não é necessariamente sangue... Ainda nos imaginamos como os donos da mensagem e os donos da objectividade. Não tenho soluções para problemas tão complexos. Mas começar por ouvir os leitores parece-me um caminho razoável". Creio que, ao contrário do que se tem dito, não é por causa da Internet ou dos blogues ou, mais geralmente, dos novos media que os leitores escasseiam e a circulação dos jornais pagos baixa. O problema não é em primeira instância de natureza tecnológica, mas cultural e jornalística. Ainda que os caminhos a percorrer passem pelas possibilidades das novas tecnologias. Complementos de leitura: - A crise da Imprensa escrita urbi et orbi, no Abrupto (incluindo os comentários). - O texto If Newspapers Are to Rise Again, de Tim Porter, no último número dos Nieman Reports (via Ponto Media).
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