A coluna de hoje de Eduardo Cinta Torres, no Público, adianta um conjunto de dados que tornam mais consistente a acusação, que havia feito em Agosto, de que a RTP enviesou o tratamento dos incêndios no Telejornal. De facto, um dos aspectos que me suscitou alguma perplexidade no primeiro texto e num sem-número de comentários sobre ele, foi o "barulho" que se levantou a propósito de ... um único dia. Convenhamos que era uma "amostra" um pouco curta. Os elementos do texto de hoje dão força à crítica e merecem ponderação, nomeadamente do provedor do telespectador. A apreciação mais serena deste tema, agora que os calores mais intensos parecem ter passado, exigiria que se ligasse o assunto ao registo geral (e aos argumentos principais) do debate ocorrido no Verão de 2005. E, sobretudo, que se evitasse pegar na questão de um modo que parece, ele próprio, também enviesado: porque formata o olhar sobre o Telejornal em parâmetros (apoio ou oposição ao Governo; apoio ou oposição ao serviço público de televisão) que inquinam necessariamente a análise. Mas, com o texto de ECT de hoje, continuamos na mesma quanto a uma denúncia que o crítico fez no seu primeiro texto (Público, 20 de Agosto) e que é aqui capital: "as informações de que disponho indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instruções directas à RTP para se fazer censura à cobertura dos incêndios: são ordens directas do gabinete de Sócrates". Não faço ideia se algum dia saberemos a resposta. Mas, a matéria é factual e não admite meio termo: ou essas instruções foram dadas, e o caso é gravíssimo. Ou não foram dadas, e a acusação é ... gravíssima.
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