Mais um post da intervenção no 3º encontro de weblogs, realizado nos dias 13 e 14 na Universidade do Porto: O campo jornalístico traz a cidadania agarrada a si como o zumbido anda associado ao moscardo (para utilizar, noutro quadro, uma célebre imagem de Gabriel Garcia Marquez). Por um lado, a definição tradicional de jornalismo, nas suas versões mais centradas no interesse público, sempre acentuou o papel de capacitação da consciência e iniciativa dos cidadãos, através da relevante informação de actualidade criteriosamente produzida. Por outro lado, a crítica que ao jornalismo profissional se tem vindo a fazer, sobretudo no quadro daquilo que se vem chamando, talvez com demasiada facilidade, "Jornalismo dos cidadãos" (ou de base, aberto, em rede, participativo?) coloca de igual modo a cidadania no centro das atenções. Já não estamos propriamente no tempo - ainda recente - em que se debatia com vivacidade se os blogues são ou não são jornalismo. Os blogues estão longe - cada vez mais longe? - de esgotar o que de desafiante há para o jornalismo, mas é hoje inquestionável a relação estreita que existe entre a blogosfera e o campo jornalístico. Mas não estamos ainda, provavelmente, em tempo de poder fazer o rescaldo. E isto porque, apesar das análises que sublinham o jogo entre os dois universos, continua a existir uma forte tendência para aquilo que se poderia caracterizar como "canibalização" ou "demonização" recíproca. Essa tendência manifesta-se, do lado da blogosfera, na ideia de que o jornalismo profissional está morto e em vias de ser enterrado, suplantado que está pelo jornalismo da rua e de toda a gente. Do lado dos media, e fundada na presunção de que os blogs são tudo menos jornalismo, afirma-se a tendência de domesticar essa prática, integrando-a nos sites da web, como flor de lapela ou nicho de geeks e nerds.
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