Os alinhamentos do Telejornal são o pretexto para uma entrevista que o JN publica hoje com Luís Marinho, director de Informação da RTP. Quase tudo o que diz Marinho é lamentável: - pela desqualificação que faz das críticas, pretendendo que todas elas se devem a "dores de cotovelo" pela atenção das audiências para com a informação da RTP: - pela forma descabelada e de ataque "ad hominem" como se refere ao crítico Eduardo Cintra Torres (pretendendo negar, além do mais, aquilo que é óbvio: o estatuto que esse crítico também acumula, de investigador do campo mediático e, particularmente televisivo); - pela justificação quase patética que pretende fazer do caso do alinhamento do Telejornal do passado dia 5 e o destaque manifestamente desproporcionado atribuído a um fait divers: "É importante - observa a esse respeito Luís Marinho - que as pessoas percebam o contexto. Percebo que, como estamos na estação pública, tem de se ter um certo tipo de trabalho. E acho bem. Em relação ao caso concreto, optamos por uma abertura que deu um pouco mais de realce a uma situação algo inusitada, que tinha terminado de madrugada e causado grande alarme público". Desde quando é que uma "situação algo inusitada", para cúmulo da natureza da que estava em jogo, merece um quarto de hora de Telejornal, no dia daquela que foi considerada por muitos a maior greve de docentes dos últimos anos? - E não será grave e preocupante que uma matéria causadora de "grande alarme público" seja tratada com o destaque e o modo como o foi naquele dia, num serviço público? Finalmente, parece-me muito difícil de aceitar a posição de arrogância e de auto-justificação em que o director de Informação se coloca nesta entrevista. Tem, naturalmente, todo o direito de se defender das acusações de manipulação política (ainda que algumas prestações recentes do canal não estejam a ajudar nada nesse sentido). Tem todo o direito a cometer erros e a exigir que não se avalie a prestação de um canal através de dois ou três casos. Mas, em nome do interesse público, julgo que não pode nem deve desqualificar quem exerce o direito à crítica, tomando a crítica como ameaça. Mais ainda: entendo que ao serviço público cabem especiais responsabilidades quanto à transparência da actuação. Sempre que há problemas que repercutem na qualidade da prestação do canal, parece-me que os telespectadores têm direito a conhecê-los. Nâo é apenas uma questão de respeito; é também um requisito que decorre do contrato especial implícito que une a RTP aos portugueses. Ora, nestes casos, já nos apercebemos que os telespectadores teriam ficado a ganhar (e a RTP também) se alguma explicação tivesse sido dada.
Debate na AR sobre a despenaliza??o do aborto em Canal Aberto (directo) no Moura Viva. http://mouraviva.blogs.sapo.pt
O que me inquieta nesta entrevista foi o entrevistado ter dito que a redac??o da RTP ? a mais livre onde j? trabalhou e a que n?o sofre influ?ncias de grupos de poder.
E sr. Manuel Pinto, isso n?o lhe faz ouvir campainhas?
O problema ? que em Portugal tanto a informa??o como a sua an?lise, sofrem de v?cios e distor??es, sendo mais influenciadas por meia duzia de blogs com interesses nitidamente propagandisticos e manipulatorios, do que pela racionalidade e interesse acad?mico. ? ?bvio que a RTP nesse dia n?o esteve bem, agora o facto mais relevante
desta entrevista para quem se interessa por jornalismo e comunica??o de qualidade e isento, ? mesmo o afirmar de que "a redac??o da rtp ? a mais livre onde trabalhei".
Isto sim merece uma investiga??o e um olhar mais atento n?o s? ? RTP, mas (e face ?s declara??es) ?s outras redac??es.Mas tambem compreendo porqu? n?o causa estranheza, ? que toda a gente sabe que tal ? t?o verdade , verdadinha, que nem merece um levantar de sobrolho, de t?o interiorizado que est?.