Eça e o jornalismo, ontem e hoje - V «Bristol, 29 de Julho de 1886 Sr. Director da Província: No número da Província de 14 de Maio, chegado hoje aqui, encontro no ?Correio da Capital? uma anedota literária, em que eu apareço, por ocasião da primeira representação do Drama do Povo, de Pinheiro Chadas, sentado na plateia de D. Maria, entre o meu amigo Ramalho Ortigão e o meu amigo Guerra Junqueiro, chacoteando ruidosamente a peça, e indo, nos intervalos, apertar com efusão as mãos ambas do autor! Sem me referir à divertida falta de coerência moral que me atribui o seu correspondente, sem me referir mesmo à inverosimilhança de eu ter rido dum drama de Pinheiro Chagas ? devo declarar a V., para que esses grandes factos vão bem apurados, se tiverem de passar à História, que eu não assisti à primeira representação, nem assisti jamais, infelizmente, a nenhuma representação do Drama do Povo. Lembro pois a V. A justiça de fazer rectificar essas risadas que eu não dei, num sítio em que não estava, com um drama que eu nunca vi. De V., etc. etc. Eça de Queiroz» Eça de Queirós, Correspondência, in Obras de Eça de Queiroz, Vol. III. Porto: Lello & Irmão Ed., p.568
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