Suspender a publicidade na Time? A reportagem da Time sobre a prostituição em Bragança levou o Governo a suspender a campanha de publicidade sobre o Euro 2004 naquela revista. A decisão pareceu-me, numa primeira reacção, ridícula: lá está a acção governamental a ser comandada pelo comportamento dos media. Afinal, será que foi tomada alguma medida idêntica com os media nacionais, aquando do "festim mediático" sobre o mesmo assunto, há uns meses atrás? No caso da Time, suspender a publicidade não será, mutatis mutandis, um pouco como o rei que mandava matar o mensageiro pelo facto de este lhe trazer uma má notícia? O teor do slogan a inserir na revista, que jogava com o título da publicação, tornar-se-ia motivo de ridículo, depois da publicação da reportagem, tal como vem referenciado na imprensa (cf. "Jornal de Notícias" e Público): "In Portugal, the extra-Time is always the best part of the game" (Em Portugal, o prolongamento é sempre a melhor parte do jogo). A ideia que passa para a opinião pública é esta: o Governo suspende a campanha não por causa do teor do slogan mas pela necessidade de dar um sinal de retaliar a revista. Mais valia assumir as coisas como elas são. Agora a decisão do governador civil de, como primeira medida de reacção à Time, ir pedir reforços policiais para conter os famintos de sexo que, segundo ele, demandarão Bragança no próximo ano releva de uma capacidade de visão e de planeamento digna de um grande estadista.
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