Cobertura das presidenciais: ir além das aparências Um dia destes vai valer a pena estudar a fundo a cobertura feita pelos media da actual (pré-) campanha para a eleição presidencial. Não terá sido ainda devidamente sublinhado que esta é a primeira vez que a blogosfera acompanha e debate, a par e passo, e com uma intensidade notória, o que vai acontecendo. A propósito da contabilização feita do número de jornalistas que apoiam cada uma das candidaturas (acrescento agora que também Garcia Pereira indica 4 jornalistas como seus apoiantes), houve quem fizesse leituras que considero apressadas. Assim como sobre o facto de os dados da Marktest indicarem que Soares tem tido, nas televisões, o maior número de notícias e Alegre o menor (cf. imagem). Estes são indicadores, mas não podem ser tomados apenas pelo seu valor facial. Se a estratégia de Cavaco Silva foi de contenção, os dados das notícias sobre ele não podem ser desligados dessa estratégia. E, sobretudo, importa confrontar a quantidade com a qualidade. Ou seja: analisar o que se disse no tempo emitido, a perspectiva adoptada, a visão ou "carga" transmitida. Do mesmo modo, o número de jornalistas que se declaram apoiantes pode não ter que ver com os efectivos apoiantes com que cada um dos candidatos efectivamente conta nas redacções. De resto, parece-me mais aceitável e salutar esta manifestação de intenções do que a actuação enviesada a favor deste ou daquele, sem que tal seja devidamente assumido.
Seria também interessante analisar o conteudo dos artigos de opinião publicados nos jornais de "referência" (independente, dn, público e expresso), de forma a entender se estão (ou não) estes espaços "dependentes" dos aparelhos políticos - e de que forma esta "dependência" afectou (ou não) a candidatura de Manuel Alegre) - devido ao pessível reduzido espaço para expôr as ideias deste em relação aos outros candidatos.