Perigos Eduardo Cintra Torres, na coluna dominical "Olho Vivo", no Público: "Os perigos sobre o jornalismo crescem. O paradigma do jornalismo (chamado sério, como se houvesse outro) vai ficando desadaptado do mundo actual, em especial na televisão. É cada vez mais opinativo, emotivo, superficial, condicionado à forma. E cada vez mais se confunde com relações públicas e publicidade. Num Telejornal recente, a estação pública pôs um jornalista (num blogue chamaram-lhe um "vendedor") em directo no Freeport de Alcochete, numa manobra de inserção publicitária dum tipo a que as várias instâncias do Estado de defesa do consumidor e das regras da publicidade fecham sistematicamente os olhos. No Jornal da Noite uma propaganda sobre um produto comercial, a nova consola da Microsoft, durou quatro minutos, dois deles com imagens de jogos quase sem comentários. O autor fez contraditório? Não. Desculpabilizou a ausência de instruções em português (não mencionou a ilegalidade). E falou do preço, que chega ao salário mínimo nacional, como de coisa normal. E as apresentações de filmes que todos os noticiários reproduzem tal e qual como vêm da indústria cinematográfica? Trata-se de venda de espaço em noticiário ou de miserável cedência aos industriais? Outra área em que o paradigma de informação independente está ameaçado é a do jornalismo desportivo. Um estudo realizado em 10 países concluiu que "o jornalismo crítico e independente quase deixou de ter espaço nas páginas sobre desporto" (Público, 13/11). Que resultados teria um estudo feito à informação desportiva na TV portuguesa? Liderada pela RTP, a informação desportiva televisiva quase se reduz a relações públicas dos maiores clubes de futebol".
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