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Tsunami: um ano depois


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Tsunami: um ano depois Os media recordam hoje o tsunami asiático de 2004. Um ano depois, temos também melhores condições para avaliar a cobertura jornalística desta catástrofe. Por que razão foi o tsunami notícia durante tanto tempo? Por que razão o sismo de Outubro passado no Paquistão não teve a mesma exposição mediática? Como é que os media trataram a informação num acontecimento tão traumático como este? Numa leitura muito pontual, diria que o tsunami reuniu todos os critérios de noticiabilidade para se "aguentar" na agenda da actualidade por vários dias: a) os maremotos são fenómenos bem mais raros do que os terramotos (esta seria uma das principais justificações da diferença relativamente ao sismo no Paquistão); b) as consequências humanas e naturais foram devastadoras (embora o local do acontecimento seja distante do mundo ocidental, estavam naquela zona muitos turistas europeus que prenderam a atenção dos seus países de proveniência); c) apesar de não ter sido possível transmitir o acontecimento em directo, as televisões tiveram rapidamente acesso a imagens de vídeos amadores (e a existência de imagens é determinante para conferir dimensão a um acontecimento); d) as tragédias naturais, como as de carácter terrorista, são propícias à curiosidade e a gestos de solidariedade. Quanto ao tipo de tratamento, este foi, como outros no início deste milénio, um acontecimento em que a informação frequentemente se cruzou com a emoção. É que, esgotada a informação factual, e aguardando-se constantemente os números oficiais de mortos e de desaparecidos, bem como os trabalhos de identificação de corpos, aos jornalistas que permaneceram nos locais da tragédia não restavam muitos tópicos de reportagem. Abundaram, por isso, as descrições de ambientes (até do cheiro dos corpos em decomposição nos falaram os jornalistas!), os testemunhos na primeira pessoa, os depoimentos de familiares e amigos das vítimas... dito de outro modo, dominou um discurso sensível, quase comprometido, como o de quem procura, informando, fazer sentir... Um ano depois do tsunami é, parece-me, tempo de reflectir sobre o modo como os media tratam acontecimentos que envolvem grande dor... Haverá uma intenção deliberada de jornalistas e editores para rentabilizar as notícias através da emoção? Prefiro acreditar que não, mas o certo é que a dor dos outros também prende a nossa atenção e isso reflecte-se nas audiências. Tiveram os media um papel decisivo para que as organizações internacionais tivessem desencadeado os mecanismos de ajuda necessários à população afectada? Acredito bem que sim. Há sempre dois lados nestas questões. Ao assinalarmos a data era bom que não descuidássemos nenhum deles.


1 resposta(s) para “Tsunami: um ano depois”

  1. Anonymous Anónimo 

    Como esta a india ap?s o tsunami?

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