Celebrando-se hoje o "Dia Mundial da Liberdade de Imprensa", urge também reflectir sobre o direito a ser informado o que, invariavelmente, nos conduz para a grande discussão que se gerou neste fórum em torno do jornalismo de causas, discussão lançada com mestria pelo Dr. Pacheco Pereira. Gostaria de publicamente afirmar que acredito no jornalismo de causas, de algumas causas para ser mais preciso. O jornalismo de causas pode colocar em causa o direito a ser informado e pode subverter um dos grandes objectivos da educação para os media, que é o de formar cidadãos leitores, capazes de descodificar as mensagens e os seus contornos, e cidadãos com espírito crítico, preparados para procederem à interpretação dos factos e tirarem as suas próprias conclusões. Ora um jornalismo de causas tem a tendência para mostrar apenas um lado, uma face do problema, escamoteando tudo o resto. Para um cidadão que necessita de todos os elementos para tirar as suas próprias conclusões, o jornalismo de causas não serve. No entanto, existem causas que, pela sua complexidade e peso na sociedade podem, e devem, ser abraçadas pelos jornalistas. A causa do combate às drogas, a causa da protecção das crianças e jovens dos maus tratos e abandono, a causa do combate à pobreza e à exclusão, etc., etc. são causas com uma só face que devem ser transformadas em bandeira e bem agitadas pelos jornalistas. As outras, sinceramente, creio que trazem consigo mais inconvenientes do que vantagens.
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