Weblogue colectivo do projecto Mediascópio - CECS / Universidade do Minho | RSS: ATOM 0.3 |



Leituras Reinventing Television, de Thomas Goetz: "Wake up, television executives of America: Jon Stewart - the wiseacre host of Comedy Central's The Daily Show - knows more about your business than you do". Inmigrantes vs. nativos digitales (II), de Alejandro Piscitelli: "El periodismo participativo y el consumo/producción futuros de información" Blogs, SMS, e-mail: Egyptians organize protests as elections near, de Mark Glaser: "The nascent Egyptian blogosphere seizes its freedom of the press opportunity, posting photos of police beating protesters and taking hard stances against Mubarak. But will their freedom last beyond elections?".

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Por um debate público sobre a renovação das licenças da SIC e da TVI Marcelo Rebelo de Sousa, em vez de assumir que tinha errado quando afirmou, fez domingo oito dias, que o Governo havia retirado à Alta Autoridade a competência para a renovação das licenças dos canais privados, referiu-se a uma carta recebida de Sebastião Lima Rego na qual este lhe "deu uma boa notícia": o Governo não retirou a competência. É caso para dizer: não havia necessidade. E prossegue Marcelo, na sua típica forma de contra-argumentar: "A grande dúvida agora vai ser como é que a Alta Autoridade vai justificar a pressa na renovação da licença. Já não é o Governo a justificar e será a Alta Autoridade a fazer isso, antes de morrer - só na ópera é que se canta antes de morrer. Quando já está praticamente moribunda vai renovar as licenças de televisão". Marcelo, que parece ter querido ouvir o Governo a cantar, neste caso, não quer, agora, que a AACS cante antes de morrer. Está no seu direito. Mas a questão não é ver quem canta. Em democracia, e em termos formais, canta quem tem legitimidade e competência para o fazer. De resto, ao ritmo a que as coisas rolam, não é de todo certo que a nova entidade reguladora esteja em funções antes dos começos de 2006. Ambientar-se às funções e ter de assumir, de imediato e ab initio, um dossier como o da renovação das licenças pode não ser o cenário mais desejável. Dito de outro modo: pode não ser negativo que a AACS cante agora, antes de morrer, e o novo ente prossiga o canto ou mude a partitura. Do meu ponto de vista tudo isto é, porém, apenas uma parte do problema em jogo. A questão de fundo é a de saber com que critérios se vai operar a apreciação e a decisão de renovar (ou não) as duas licenças. E os critérios não são apenas de substância, mas também de método. Por exemplo: não seria desejável que instituições da sociedade civil - associações de telespectadores, de consumidores, culturais, recreativas, mediáticas e outras - fossem ouvidas pela AACS ou por quem a substituir? Afinal, os dois operadores que têm beneficiado das licenças têm trabalhado diante de toda a gente e, de algum modo, todos temos o nosso ponto de vista. Não seria uma forma de corresponsabilizar a cidadania, fazendo-a tomar parte no processo de decisão? Fica aberto o debate.

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Um "Nonbudsman" na CBS Não é nem um apologista do canal nem um crítico mediático. Designam-no, antes, por "nonbudsman". Vai escrever, com algum grau de autonomia, um blogue no site da CBS sobre os bastidores das notícias. Responde à natural curiosidade de saber o que está por detrás do pano. Ver: CBS News counters bloggers with 'Nonbudsman'.

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Dados sobre a comunicação em Portugal Foram recentemente disponibilizados dois documentos importantes para o estudo do sector das comunicações em Portugal. Trata-se do Observatório da Comunicação 2004-2005, editado pelo OBERCOM e do Relatório de Actividades da UMIC 2002-2005. O primeiro documento, que já conquistou um lugar especial na produção de dados sobre a nossa realidade, cobre os sectores da TV, rádio, imprensa, internet, cinevídeo, jogos vídeo e telecomunicações. Uma apresentação com um sumário de dados foi disponibilizado pelo Observatório. Relativamente ao documento da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP, cobre o período em que a instituição foi liderada pelo engº Diogo Vasconcelos e relata as medidas e iniciativas relacionadas com matérias como a massificação da internet de banda larga, a B-ON Biblioteca do Conhecimento, os Campus Virtuais, cidades e regiões digitais, Programa Nacional de Compras Electrónicas, o Portal do Cidadão, etc.

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Alta Autoridade aplica coima de 150 mil euros à SIC bartv300Na sua reunião desta semana, a Alta Autoridade para a Comunicação Social decidiu condenar a SIC ao pagamento de uma coima de ? 150.000, na sequência do processo de contra-ordenação instaurado contra a estação, em 22 de Maio de 2001. Motivo: o facto de a SIC, numa sessão do programa "O Bar da TV", "ter violado os direitos fundamentais à imagem e à reserva da vida privada das pessoas filmadas". Na sessão do referido programa emitido a 15 de Maio, o canal, então dirigido por Emídio Rangel, transmitiu "por largo tempo e com extensos directos um episódio altamente emocional envolvendo uma jovem concorrente e os seus pais, em que foi visualizada passo a passo a evolução de um conflito familiar centrado na pretensão dos pais de que a filha abandonasse o programa e no sofrimento desta perante a dor dos progenitores e a sua manifesta dificuldade em se decidir quanto ao comportamento a seguir", lê-se no comunicado em que a AACS decidiu instaurar procedimento contraordenacional contra a SIC. Este caso inscreveu-se na luta que a SIC travava então contra a TVI, quando esta subia espectacularmente nas audiêncis com a primeira edição do Big Brother, iniciado no Outono do ano anterior. Na sequência do episódio agora condenado pela AACS, a SIC viria a rescindir o contrato com Edilberto Oima, produtor do programa. (Como enquadramento, poderão ler-se estes dois textos de Eduardo Cintra Torres, vindos na altura a lume no Público: Pai Nosso que Estais no Bar e Estado de Sítio). Actualização:No DN, reacções e comentários da SIC, de Emídio Rangel, de António Capucho e da AACS, bem como o editorial do novo director (interino), João Morgado fernandos ("A importância da memória").

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Newsweek aposta na blogosfera A revista Newsweek, através da sua plataforma digital, acaba de dar um passo interessante no sentido de se articular com o universo dos blogues e, assim, conseguir também ampliar a repercussão daquilo que edita. Em conjunto com o Technorati, criou o Blog Roundup, que permite seguir os dez artigos mais linkados de cada edição. Ao mesmo tempo, como está bom de ver, a solução encontrada potencia igualmente que mais leitores se aproximem da revista. (dica de e-Periodistas).

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A informação inútil Jordi Soler publicou nas páginas de opinião do jornal El País de quarta-feira um texto ("Información Instantánea") , no qual reflecte sobre a emergência do "repórter espontâneo" na informação jornalística. Na coluna, Soler coloca duas questões que me parecem de reter, no acompanhamento das transformações por que passa o jornalismo. Tomando como exemplo o que ocorreu com a cobertura dos atentados de Londres pelos blogues, reconhece que houve muitos aspectos que só com o contributo dos "repórteres-cidadãos" se ficaram a conhecer. Porém, observa, "no quedamos sustancialmente mejor informados que si hubiésemos leído la noticia en las páginas lentísimas de un periódico de papel". Ter muitos elementos, muitas imagens, muitos depoimentos, muitos ângulos - não equivale necessariamente a melhor informação. O ponto decisivo é, porém, outro:

"Pero volvamos a la figura fascinante del reportero ciudadano y concedamos que esta figura está en alza y que en muy poco tiempo gran parte de la información será consignada por ellos, por gente que está frente a una noticia y espontáneamente la fotografía, o la escribe y la cuelga en su blog. Ahora imaginemos, con ánimo novelístico (...), que cada ciudadano ejerce su derecho de convertirse en citizen reporter y sale todos los días armado con su teléfono, que también es cámara, dispuesto a cazar la noticia del día, y sigamos imaginando que esta fiebre periodística se extiende a todos los habitantes de una ciudad. En qué se convierte la información cuando todos la generan y ninguno la recibe? Y una vez extendida la fiebre, los reporteros ciudadanos irán todos fotografiando cualquier pieza de información, cualquier cosa, porque todo puede ser noticia, una alcantarilla, un hombre que cojea, una flor marchita, todos los detalles del día consignados permanentemente en tiempo real, hasta que la trama llega a un punto en que, junto a las veinticuatro horas del día real, transcurren, de manera rigurosamente paralela, las veinticuatro horas de noticias instantáneas de ese día".
O que, de facto, Soler propõe à nossa reflexão não é tanto o problema da informação instantânea, mas o da informação inútil.Afinal, e parafraseando um célebre conto de Borges, para que serviria um mapa se acaso ele fosse elaborado a uma escala tal que se confundisse com o próprio território?

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Os media e os incêndios O texto "A indústria dos incêndios", que o sub-director de Informação da SIC, José Gomes Ferreira, publicou no site da estação, no passado dia 4, teve um significativo eco no ciberespaço e, em especial, na blogosfera (mais de 400 referências no Google). Contudo, ele foi em geral entendido apenas como uma chamada de atenção das autoridades, sublinhando as motivações económicas que podem estar por detrás de uma boa parte dos fogos. Mas não será que aquele texto constitui também- ou deveria constituir - uma chamada à responsabilidade dos media, e, desde logo, da própria SIC? Aquele escrito constitui, antes de mais, uma impressionante e bem elaborada agenda de investigação jornalística. Tão mais importante quanto, exactamente pelos interesses em jogo, existe a fortíssima probabilidade de ninguém querer mexer em factores tão "explosivos". Deste ponto de vista, o destaque de hoje do DN constitui um trabalho meritório, mas sabe a pouco. Sendo mais justo: sabe a um "introito".

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Leitura "Concentração dos media ? Negócio contra Jornalismo" - um texto de Fernando Correia, tomando como pretexto dois casos portugueses: a compra da Lusomundo pela Controlinvest e a perspectiva da entrada da Prisa na Media Capital.

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Medientage München 2005 A cidade de Munique dedica em Outubro próximo três dias aos media. De 26 a 28, reúnem-se numa das convenções europeias mais significativas sobre media, mais de 7000 participantes para debater com 500 conferencistas, em 90 paineis, o futuro dos mercados mediáticos. Política dos media, televisão, rádio, "mobile media", publicidade, edição, jornalismo, internet, multimedia e cinema são as áreas de abrangência deste evento, cujo âmbito pretende cobrir toda a indústria mediática e da comunicação. Toda a informação está disponível aqui (versão inglesa do site oficial do Medientage München)

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João Morgado Fernandes é o novo director do DN O novo Conselho de Administração da Lusomundo Serviços acaba de nomear João Morgado Fernandes para director interino do Diário de Notícias, mantendo as actuais direcções editoriais do Jornal de Notícias, do 24 Horas e da TSF. João Morgado Fernandes era até agora subdirector do Jornal. No comunicado saído da primeira reunião do CA, hoje realizada, fica a ideia de que mais ninguém da Direcção cessante do diário lisboeta acompanhará o novo director. O CA da Lusomundo Seviços passa a ter a seguinte composição, na sequência do controlo adquirido pela Controlinveste e formalizado hoje mesmo : Joaquim Oliveira (Presidente), Rolando Oliveira, Gabino Oliveira, Jorge Carreira, João Viegas Soares, Manuel Soares, José Marquitos, Hugo Correia Pires e Afonso Camões.

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O "Relatório MacBride" 25 anos depois "Many Voices, One World" foi o título dado pela Comissão MacBride, constituída pela UNESCO em 1977 para estudar os problemas da comunicação internacional e contribuir para uma "Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação" (NOMIC). Em pleno clima de guerra fria este foi um dos pontos em torno dos quais se polarizaram (e azedaram) as tensões no interior da UNESCO, as quais levaram ao abandono da organização por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido. Depois de tudo o que se passou desde então, há fios da meada que têm vindo a ser retomados e outros que ficaram pelo caminho ou que aguardam melhores dias. Desse ponto de vista, não deixa de ser interessante constatar que a Cimeira Mundial da Sociedade da Informação, que teve lugar em 2003 e que tem marcada para o final deste ano a segunda parte, surge não do interior da UNESCO mas da ITU - União Internacional de Telecomunicações. Apesar da actualidade de alguns dos temas que se debatiam no final dos anos 70 no plano dos (des)equilíbrios dos fluxos comunicacionais e apesar da importância de recuperar a memória deste processo, os 25 anos do Relatório MacBride têm passado relativamente discretos. O Portal da Comunicação e o Conselho Audiovisual da Catalunha (através dos Cuadernos del CAC) acabam de publicar um conjunto de trabalhos que reflectem sobre a memória e actualidade das questões da Comissão MacBride. Constituem certamente um contributo importante, a que vale a pena prestar atenção. Documentação complementar: * Conclusões e Recomendações do Relatório McBride de 1980: Introdução e parte I; Parte II-VII; * Índice do Relatório MacBride, de 1980: Many Voices, One World : Towards a New, More Just, and More Efficient World, Information and Communication Order * Quem foi Sean MacBride (Ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda, Comissário da ONU para a Namíbia, presidente da Comissão Internacional para o Etudo dos Problemas da Comunicação da UNESCO, Prémio Nobel da Paz em 1974). Mais: aqui. * The McBride Rountable on Communication * Betty Zimmerman: MacBride: Many Voices but No Music - O depoimento sobre a única mulher da Comissão MacBride (foi substitui Marshall McLuhan) e também a única especialista em meios electrónicos. * Sequelas e iniciativas directa ou indirectamente inspiradas no Relatório MacBride: Something to Be Done: Transnational Media Monitoring, um texto de Kaarle Nordenstreng. * Para perceber filiações e relações entre os debates dos anos 70 e os de agora: Debating communication imbalances: from the MacBride Report to the World Summit on the Information Society, de Claudia Padovani * Salida y regreso de Estados Unidos a la Unesco: flexibilidad o endurecimiento ante el fantasma de MacBride?, de Divina Frau-Meigs. * The New World Order and the Geopolitics of Information, de Christopher Brown-Syed * Comunicación y poder en américa latina.Las ideas de MacBride en el ocaso de la guerra fría, de José Marques de Melo Iniciativas: The MacBride Report?25 Years Later, um colóquio a realizar na Eslovénia, de 15 a 17 de setembro próximo

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Presidenciais: ponto de situação * O Expresso sabia, no sábado, que o PCP estava a considerar seriamente a indigitação de uma mulher para concorrer à eleição presidencial de Janeiro próximo. * Cavaco Silva, sem anunciar, anuncia agora que anunciará depois das eleições autárquicas que se vai candidatar. * Mário Soares já anunciou várias vezes que anunciará antes das autárquicas que se candidatará (ou não).

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Silêncios por aí * Na Tunísia, país que acolhe em Novembro próximo a segunda parte da Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação, as autoridades acabam de impedir o Sindicato dos Jornalistas de realizar o seu congresso constituionte, previsto para o início de Setembro. * Na Costa do Marfim, o poder ameaça fechar os jornais que "não trabalharem de acordo com o interesse da nação", após declarações de militares apelando à depoisção de Laurent Gbagbo. "Num país em guerra, os jornalistas têm direito a ...calar-se", comenta sobre este caso o Libération. * Na China, os ouvintes de rádio e os utilizadores da Internet só têm direito a receber informações e notícias controladas pelo Governo, de acordo com um comunicado da organização Repórteres Sem Fronteiras.

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Serão os blogues um "quinto poder"? Vital Moreira dedica a sua coluna de hoje no jornal PÚBLICO à blogosfera, questionando se os blogues serão um quinto poder. «Não falta quem já considere a blogosfera como um novo poder, um "quinto poder", ao lado do três poderes tradicionais do Estado (poder legislativo, pode executivo, poder judicial) e do "quarto poder" representado pelos media clássicos. A função dos blogues deveria ser não somente a de fiscalização dos poderes do Estado - função principal dos media numa sociedade aberta -, mas também do poder dos media tradicionais, quer quanto à selectividade da sua agenda mediática, quer quanto ao seu tratamento. Daí a invocação que alguns fazem de uma função privilegiada dos blogues em termos de agenda setting (suscitar temas ignorados pelo poder político e/ou pelos media tradicionais) e de watchdog (função de vigilância e de denúncia dos demais poderes).» Ainda céptico, porém, relativamente a este eventual poder, Vital Moreira considera que «dada a sua [da blogosfera] reduzida dimensão e influência, é pelo menos excessivo falar num "novo poder". Só o tempo pode dizer se algum dia o será.

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Director do N.Y.Times escreve carta ... a si mesmo Em 31 de Julho, Richard A. Posner escreveu no diário The New York Times uma coluna intitulada Bad News, na qual acusava os media mainstream de estarem perfeitamente submetidos à logica do mercado. Bill Keller, director do jornal, não gostou de ver os media serem todos metidos no mesmo saco, sem que se reconheça ao menos uma pitada de profissionalismo no trabalho que ele e a sua equipa desenvolvem. Vai daí escreveu também ele uma carta ao director do jornal, publicada na secção respectiva, a qual vem assinada, com a explicação de quem é o autor: "Mr. Keller is the executive editor of The New York Times". Original.

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Qualquer um pode ser repórter Na Broadcasting & Cable pode ler-se, de Allison Romano, Why Everybody Is a Reporter - Citizen Journalists Go Mainstream. Dois aspectos a reter: "These events [atentados de Londres] inspired many newsrooms to advertise for content. The national news networks began asking viewers to send in breaking-news images and video. A handful of TV stations, from big-market players like WABC to smaller outlets such as WTKR Norfolk, Va., also put out the call. Most say they?d be willing to pay for video?up to several hundred dollars?to secure exclusivity. Still, liability over such issues as privacy rights and defamation has yet to be settled." (...) "The BBC is incorporating local contributors into its newsrooms. Under a new pilot program, the broadcaster is launching 60 stations and plans to have community reporters generate one-fifth of the content. Michael Rosenblum, a former CBS news executive and news consultant, is working with the BBC on the effort and recommends that American news outlets pursue a similar tactic: 'Technical training and baseline journalism training are critical'."

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Uma campanha triste Numa pequena viagem que fiz ontem à tarde, revisitei lugares que há 15 dias não via. Doloroso até mais não poder. Os bocados de mata que ainda se mantinham verdes no início do mês tinham-se evaporado. A mesma serra, que ardera pela metade, tinha, agora, o trabalho completado ou em vias disso. São quilómetros e quilómetros de terra escura. crefl1_143.A2005232111000-2005232111501.1kmE sempre o mesmo fumo que faz o dia escurecer e o sol adquirir as cores do fim dos tempos. No regresso, uma auto-estrada cortada nos dois sentidos. Um desvio obrigatório por estradas secundárias e... novas manchas queimadas, novos incêndios, alguns deles mesmo a iniciar-se. Até agora, eu tendia a falar numa "quadra de fogos", instituída e naturalizada, assumida como dado inveitável e quase óbvio. Agora isto parece-me mais uma campanha, um furor em que convergem motivos e interesses diversos, cujo propósito poderá não ser acabar com as manchas verdes em Portugal, mas cujo resultado tende a ser exactamente esse. Do fundo da tristeza e da revolta apetece ser cínico e começar a identificar antes o que há ainda para arder. A normalidade é o fogo. Para retomar uma "petite guerre" deste Verão, sou dos que entendem que seria grave que os media deixassem de noticiar os fogos ou mesmo que não mostrassem imagens. Agora o que tem acontecido na maior parte dos casos da cobertura televisiva - e correndo o risco de ser injusto com quem anda no terreno - é o exemplo da não notícia. E isto precisamente porque a "normalidade" não é notícia. Como escrevia ontem Paulo Cunha e Silva no Diário de Notícias, "as televisões mostram todas os dias em prime time esta sequência monótona, como se o fogo fosse já um modo de vida. Uma extensão do nosso fado". O que o leva, e com razão, a falar, de uma "redundância infinita das imagens". Ora, quando há tal "redundância infinita" é de suspeitar que já não haja jornalismo. Os helicópteros que, em alguns casos, pelo menos, levam os repórteres a colher as estafadas imagens dos incêndios não poderiam servir para traçar panorâmicas e mostrar a catástrofe que, dia a dia, alastra no país? Para que servem os mapas, as infografias? Perante a gravidade da situação, não chega dizer que há tantos incêndios por controlar, tantos bombeiros a procurar controlá-los ou xis áreas de hectares consumidos. É preciso dizer às pessoas o que é que em cada momento se está a passar, de modo a que a informação seja útil para elas (veja-se este post do Abrupto), mas é necessário visualizar em imagens reais e em mapas o que se está a passar com este país. Se não se acorda agora, a experiência diz-nos que daqui a um ano cá nos encontraremos com as mesmas jeremiadas. (Crédito da foto, captada ontem: MODIS Rapid Response System / NASA)

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São todos jornalistas? libe_jcSinal dos tempos: o Libération faz hoje manchete com esta pergunta "Tous jornalistes?". O editorial de Patrick Sabatier termina com uma aposta: "Journalistes et médias vont devoir établir de nouveaux rapports avec le monde qu'ils ont mission de raconter, apprendre à travailler différemment et à exploiter l'immense gisement de faits et d'images soudain accessible, car il s'y trouve des diamants dans la boue. Mais nous parions que le 'journalisme citoyen' ne condamne pas les citoyens journalistes que nous sommes". Parece-me que Sabatier não arrisca muito na aposta. Creio que, mais significativo é mesmo o facto de o jornal fazer disto o assunto do dia. Não será só efeito da estação do calor. Outros textos no dossier: * Quand M. Tout-le-monde s'improvise reporter - Attentats, catastrophes... De plus en plus d'anonymes utilisent leurs téléphones équipés d'appareils photo et de caméras pour témoigner de l'actualité. * Cyril Fievet: "C'est la perte du monopole des journalistes sur l'information" * Londres . Les amateurs, nouveaux paparazzis - Une agence négocie très cher avec les médias les clichés pris par des anonymes. * Nantes. Chacun se fait son film - Une télé locale diffuse les miniclips faits par les téléspectateurs avec leur mobile. * San Francisco. La télé participative d'Al Gore - Sur la chaîne de l'ex-vice président, les abonnés fournissent 25 % des programmes.

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A Media Capital, o Governo e a Prisa: opiniões No mesmo dia em que se anunciou que a Autoridade para a Concorrência não iria levantar obstáculos à aquisição da Lusomundo Media pela Controlinveste, soube-se que o grupo Prisa, derrotado nesse negócio, iria entrar, com uma parte significativa, como accionista, na Media Capital, detentora da TVI. Logo nessa altura, num comentário no DN de 23 de Julho, intitulado "Tapas y bocadillos", Nuno Azinheira, entre muitas perguntas, avançava estas:

"Terá sido coincidência o facto de os dois negócios do ano (a aquisição da Lusomundo Media pela Controlinveste e o acordo entre a Media Capital aos espanhóis da Prisa) terem sido concluídos e anunciados no mesmo dia?(...) É verdade que a Prisa, tão próxima do Governo espanhol liderado por Zapatero, recebeu mesmo luz verde de Sócrates para avançar para o negócio?"
Poucos dias depois, Marques Mendes, Presidente do PSD, discursando na Festa do Pontal, em 6 de Agosto último, era mais afirmativo:
"O Governo não apenas sabia como acompanhou e ajudou a que um grupo da Comunicação Social espanhol [Prisa], com conhecidas ligações aos socialistas, tivesse comprado uma parte importante de um grupo de Comunicação Social português. Que os negócios privados se façam é legítimo. Que o Governo tenha alguma palavra ou alguma intervenção é inaceitável".
Na sua coluna "Olho Vivo", de domingo pasado, no Público, o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, retomava o argumento e dava-lhe uma interpretação:
"Perante o seu abismo na opinião pública, que faz o Governo? Tal como no delírio santanista, o Governo Sócrates já começou ao ataque nos media. É o costume: quando não sabem governar nem enganar as pessoas, toca de culpar os media... e toca de os assaltar. A intervenção do Governo para o eventual controlo da Media Capital pela espanhola Prisa é sintomático. (...) O PS português não tolera a independência da informação da TVI e por isso quer quebrar-lhe a espinha, seguindo o caminho de Santana ao expulsar Marcelo do Jornal Nacional".
Na sequência destas e de outras leituras (a blogosfera tem também comentado abundantemente o tema), o ministro Augusto Santos Silva, escreve no Público de hoje um texto de opinião em que, depois de recordar as linhas da política do Governo para o sector dos media, observa:
"A campanha actual sobre o pretenso 'assalto' do PS a grupos de media é uma dessas operações de falsificação e intriga, que, aliás, esconde mal o interesse de sectores que se habituaram a dominar a bel-prazer segmentos estratégicos do mercado da informação e da opinião, e agora receiam que a dinâmica própria deste mercado lhes venha a enfraquecer posições ou retirar influência".
Sobre esta matéria, algumas notas: - Em primeiro lugar, é muito provável que, relacionados com este caso, haja factos que ocorrem nos bastidores do espaço público que são relevantes para compreender o que se está a passar e que desconhecemos. - Em segundo lugar, não é fácil aceitar que haja apenas coincidências, nestas sucessivas tentativas do grupo Prisa de entrar no mercado mediático português. Basta acompanhar a sua trajectória em Espanha e noutros países, para se perceber que se trata de um grupo que, para dizer pouco, "não brinca em serviço". - Em terceiro lugar, a prática do governo PS noutras áreas (igualmente estratégicas) faz redobrar as atenções relativamente a qualquer movimentação numa área sensível como a dos media. - Em quarto lugar - e aqui bate o ponto - não parece sério que se construa um cenário desta magnitude (uma aliança de governos da mesma cor política para o controlo, por via indirecta, do principal canal televisivo) sem que isso seja apoiado em factos. Não é o facto de Marques Mendes afirmar que o Governo "sabia, acompanhou e ajudou" que dá substância ao referente da afirmação. Dito de outro modo: não é pelo facto de existir a afirmação que existem os factos correspondentes. E não é legítimo tomar a afirmação como prova dos factos. Mas aqui haveria que chamar a atenção para as responsabilidades que cabem ao nosso jornalismo: então o líder do principal partido da oposição afirma, taxativamente, que o Governo está envolvido numa manobra de controlo do principal canal televisivo e ninguém o questiona (tanto quanto me pude aperceber) dos factos em que ele se baseia? Ninguém investiga?

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Dez anos de Internet É claro que ela é mais antiga. Mas, para o comum dos mortais (alguns, pelo menos), foi há dez anos, mais coisa menos coisa, que o ciberespaço começou a ser explorado, com a ajuda do Netscape. Foi aí que se começou a sentir a vertigem (com muito de enganador, também) da cibercomunicação. O jornal Le Monde evoca estes dez anos com três artigos (curiosamente inseridos na secção "Entreprises"): - uma entrevista a Jean de Chambure ("Internet a bien donné plus de pouvoir à chaque individu"); - Il y a dix ans, Internet commençait à changer le monde; - La "nouvelle économie" existe bel et bien. Começa a ser tempo de fazer recolhas de histórias de vida sobre como foi a entrada de cada um de nós neste novo planeta: como soubemos, como foram os primeiros contactos e experiências, os encantos e desilusões, o que descobrimos, o que desse tempo permaneceu e o que mudou.

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Leituras * «São as batedeiras eléctricas sumo de frutas?» ? contributo para confundir ainda mais a discussão, de João Alferes Gonçalves, no site do Clube de Jornalistas; * Los blogs como parte del quinto poder, de Eugenio Martínez Rodríguez, na Tinta Digital; * Periodismo ciudadano: voces paralelas a la profesión periodística, de Koldobika Meso Ayerdi * O futuro dos jornais - Como se preparar para a mídia do "eu", de Claudio Julio Tognolli, no Observatório da Imprensa.

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"El País" prepara-se para lançar "O País" em Portugal Tudo indica que o grupo espanhol Prisa se prepara para lançar um jornal diário em Portugal, intitulado O País. Soube de fonte credível que aquele grupo adquiriu recentemente, por algumas dezenas de milhares de euros, o título País, que já existiu entre nós, mas que há anos deixou de estar nas bancas. No quadro da entrada do grupo na Media Capital e no âmbito de uma estratégia de expansão na Europa, que passou pela tomada de posição no capital de Le Monde, a Prisa estará interessada em diversificar a presença no mercado português. Recorde-se que foi o grupo que mais se bateu pela aquisição da Lusomundo Media. De notar que esta informação foi já avançada, entre nós, pelo Correio da Manhã. Mas não vi referências nos restantes diários de âmbito nacional.

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Mudança de provedor em La Vanguardia Josep Maria Casasús anunciou ontem, na sua coluna semanal, terminar as funções de "defensor del lector" no diário catalão La Vanguardia. Aquele académico da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, completou todos os mandatos que o regulamento interno do jornal permite. Não se conhece ainda o nome de quem lhe sucederá. Na última crónica, alude à participação num encontro europeu sobre discriminação, escrevendo, a dado passo: "Solemos tener un concepto restrictivo del alcance de la discriminación. Cuando en política y en periodismo se habla de discriminación se suele reducir a la étnica y a la sexual. En los códigos deontológicos de periodismo se alude además a las discriminaciones por razones de creencias y por la extracción social y cultural. Pero en aquel encuentro europeo afloraron otros tipos de discriminación: por la edad, las discapacidades físicas y psíquicas, o la orientación sexual. No exageremos las posiciones. Debe admitirse que la lucha contra todas las discriminaciones es de cajón. El gran riesgo de esta lucha radica, sin embargo, en que la discriminación positiva contenga a su vez una discriminación contra el resto de la población. No nos estaremos pasando en esto de las discriminaciones y del lenguaje llamado políticamente correcto?, me han preguntado durante estos años algunos lectores".

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» Televisão e cidadania. Contributos para o debate sobre o serviço público. Manuel Pinto (coord.), Helena Sousa, Joaquim Fidalgo, Helena Gonçalves, Felisbela Lopes, Helena Pires, Luis António Santos. 2ª edição, aumentada, Maio de 2005. Colecção Comunicação e Sociedade. Campo das Letras Editores.

» Weblogs - Diário de Bordo. António Granado, Elisabete Barbosa. Porto Editora. Colecção: Comunicação. Última Edição: Fevereiro de 2004.

» Em nome do leitor. As colunas do provedor do "Público". Joaquim Fidalgo. Coimbra: Ed. Minerva. 2004

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