A revelação de nomes de pessoas menores de 18 anos vítimas de crimes sexuais por parte do Público levou um leitor a queixar-se ao provedor do leitor deste diário. Na carta que lhe endereçou - e que motiva a coluna de hoje (acesso só para assinantes*) - cita os posts Recado para o jornalismo de referência e "Errar é humano; insistir no erro é... mau jornalismo", que aqui publicámos (eu a Madalena Oliveira, respectivamente) a 8 e 10 de Junho último, estendendo bastante a lista dos órgãos de comunicação que, naquela altura, se fartaram de divulgar a identidade de uma bebé dos arredores de Viseu. No caso do Público, Rui Araújo, o provedor, convoca um outro caso de natureza semelhante, acontecido nas últimas semanas. Chamado a pronunciar-se, o director do jornal assume sem subterfúgios que o Público errou. Se não houvesse provedores e leitores atentos, que não engolem tudo o que lhes dão, o caso não viria a público, visto que foi identificado na reunião dos editores, mas os leitores só agora tiveram direito a conhecer o facto. Creio que seria desejável que fosse o próprio jornal a tomar a iniciativa de dizer: "metemos a pata na poça", mas vamos incrementar internamente os mecanismos de atenção para que isto não se repita. Estou convencido que é maior o dano do silêncio do que o do reconhecimento do erro. Assim, fica sempre a ideia de que apenas se soube porque houve -que chatice! - quem refilasse. Aproveito para partilhar uma ideia que complementa o que escreve o provedor. A norma que impede a revelação da identidade tem por objectivo, suponho, acautelar os direitos individuais das crianças. Mas a verdade é que há casos em que se pode revelar a identidade sem chegar a escarrapachar o nome. Em muitos meios rurais ou semi-rurais, em que existem ainda redes consistentes de inter-conhecimento, basta indicar o nome da terra para, de imediato, toda a gente ficar a saber de quem se trata. E julgo que este ponto não aparece suficientemente contemplado nos livros de estilo, nos códigos deontológicos e nas leis. Já agora: tantos foram os media que, neste caso, infringiram as normas deontológicas - são citados o Diário de Notícias, Correio da Manhã, Público (.pt e offline), RTP, TSF, SIC, TVI, Portugal Diário, Diário Digital, Voz das Beiras e a Renascença - e não se passa nada (para além desta abordagem de Rui Araújo)? Pelo menos dois dos media citados têm provedor e existe um conselho deontológico dos jornalistas. Com uma violação tão generalizada é caso para achar que quem levanta o problema é que deve ser tolo. (*) Deverá vir a ser disponibilizada no blogue do provedor)
N?o deixa de ser curioso que esteja um post da jornada citado na ?ntegra, sem citar a Jornada. Apercebi-me por aqui, elo ?ltimo par?grafo deste post, pois como a blogosfera anda t?o pregui?osa como o jornalismo, creio ter sido o ?nico a chekar os jornais, r?dios, tvs.
foi rectificado no site.