Weblogue colectivo do projecto Mediascópio - CECS / Universidade do Minho | RSS: ATOM 0.3 |



  • Indigènes du numérique, do portal Homo Numericus, via AgoraVox: "Une nouvelle génération est en train de se former. Née à l'ère du tout-numérique, elle acquiert sa formation intellectuelle en utilisant massivement les technologies de l'information et de la communication. (...)Google, principale source d'information pour cette génération, renforce l'effet de rupture en privilégiant les liens en provenance de Wikipedia et MySpace, deux sites dont les fournisseurs de contenus sont majoritairement... des adolescents et de jeunes adultes".
  • Le Diete mediatiche degli italiani nello scenario europeo - Relatório anual Censis-Ucsi sobre a comunicação em Italia-2006, com um enquadramento europeu relativamente a usos, funções e graus de satisfação (consulta gratuito mediante registo prévio).
  • Google snaps up wiki start-up - notícia de hoje do Guardian, que deixa aberta a possibilidade de o Google se lançar no terreno dos wikis, depois de ter adquirido a empresa californiana JotSpot, fundada em 2004 e especializada nesse domínio (acesso mediante registo prévio).
  • The Stern Review Report on the Economics of Climate Change - Quando vistas pelas suas implicações económicas, as mudanças climáticas fazem furor político-mediático.
  • Internet Governance Forum - Este forum sobre o futuro da Internet que, pela iniciativa das Nações Unidas, junta, por estes dias, em Atenas, mais de um milhar de representantes de organizações da sociedade civil, empresas e governos, tem um site que permite acompanhar os trabalhos a distância.

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O 'Público' de hoje chama-lhes "Os números da morte":

  • Civis iraquianos (estimativas de civis iraquianos mortos desde Março de 2003): variam desde 47 mil (segundo o Iraq Body Count) até 655 mil (Lancet)
  • Forças de segurança iraquianas: 5556
  • Militares americanos: 2812
  • Militares britânicos: 120
  • Outros militares da coligação: 119
  • Jornalistas: 77

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Notícia no Correio da Manhã (CM): "Moita Flores, presidente da Câmara Municipal de Santarém, e a agência ADBDCommunicare, em parceria com o Instituto Superior de Línguas e Administração, arrancam, em Novembro, com a quarta edição da pós-graduação em Comunicação Estratégica e Assessoria Mediática. Rui Hortelão, subdirector do CM, e Luís Filipe Carvalho, da Ordem dos Advogados, são os pivôs do curso, dirigido, entre outros, pelo autarca". Não há aqui - na notícia ou na matéria noticiada - qualquer coisa que não bate certo?

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A um observador externo que observe a crise que vive o diário Libération o impasse em que as coisas se encontram não pode deixar de preocupar. De um lado os planos - tidos por economicistas e fortemente condicionadores do trabalho da redacção - defendidos pelo principal accionista, Edouard de Rothschild, e do outro a proposta da sociedade do pessoal da empresa, com o contributo do ex-director de Le Monde, Edwy Plenel, que originou igualmente reacções muito díspares. Uma sociedade de leitores foi constituída no mês passado e anuncia no seu site ter ultrapassado os 3000 membros (e reunido cerca de 130 mil euros, uns trocos, se comparados com o montante do buraco financeiro do jornal). Tem procurado mobilizar leiotres preocupados com o evoluir da crise e realiza amanhã, em Paris, uma reunião aberta, depois de uma outra que teve lugar na semana passada em Lyon. É uma dinâmica de participação interessante, mas, aparentemente, sem grande peso no desfecho das soluções para o jornal, que muito provevelmente serão tomadas na próxima semana ou, o mais tardar, na seguinte. A questão de fundo - para a qual remete, nomeadamente, o texto do dicurso de Plenel, na assembleia do pessoal do diário, realizada em meados deste mês - é a de saber que jornal faz sentido hoje, tendo em conta a convergência de tecnologias, o papel da Internet (e, no quadro francês, a natureza da restante oferta da imprensa diária). Plenel - na intervenção entretanto transcrita e publicada - defende um investimento estratégico na web, um tipo de informação que distinga o jornal do "ruído mediático" das "breaking news" e uma aposta clara na identidade de esquerda do diário (sem, no entanto, o tornar num jornal de opinião, embora com opinião). Uma resposta no debate que se seguiu à apresentação das suas ideias, em que Plenel terá assumido que um Libération relançado deveria combater frontalmente Sarkozy, numa eventual corrida presidencial deste, suscitou reacções negativas em alguns sectores, designadamente Daniel Schneidermann, que deixou Le Monde em ruptura precisamente com Plenel e que hoje assina uma coluna no Libération (cf. Libé : pourquoi je ne crois pas au plan Plenel). Uma hipótese séria a considerar é aventada pela sociedade de leitores: "existe um risco efectivo de o Libération desaparecer". Complemento: Para uma perspectiva geral deste caso, consultar o dossier que o Libération tem disponível no seu site.

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A incontrolável selva televisiva, de Mário Mesquita As técnicas da nova propaganda (2), de Eduardo Cintra Torres.

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Cerca de um mês depois da data originalmente avançada, a Rádio Renascença apareceu, ao início desta noite, com um site renovado. O espaço e as suas novas funcionalidades - p.e. os podcasts e, sobretudo, nos videos - enquadra-se no esforço de reposicionamento estratégico da estação com mais ouvintes em Portugal. Para já, numa primeirí­ssima impressão, parecem agradáveis à vista (e funcionais) os 'botões' de acesso grandes e merece ainda nota positiva a arrumação pouco cheia das páginas. Apesar disso, talvez importasse rever, desde já, uma ou duas situações: os videos deveriam aparecer 'sinalizados' com pequenos thumbs e a arrumação dos podcasts precisa de ser feita da forma mais lógica e simples: programas / horários. Além disso, para quem acede através do Firefox notam-se ainda algumas falhas...

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Não houve muitas referências a um recente relatório de Geneva Overholser, intitulado "On Behalf of Journalism: A Manifesto for Change". O documento, que merece leitura e estudo, foi publicado pelo Annenberg Public Policy Center da Universidade da Pensilvania (EUA). O universo de referência é o jornalismo americano, mas a pertinência das reflexões e propostas estende-se para um horizonte mais largo. Explicando o sentido do relatório, a autora escreve que "'On Behalf of Journalism' is a document of hope for a difficult time. To journalism?s many daunting challenges, it offers no easy cure, but a panorama of possibilities". Informação complementar: - Quem é Geneva Overholser - Ensuring that Journalism in the Public Interest Survives - Save American Journalism - Journalism's Future: A "Panorama of Possibilities"

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"20 Minutos sustituye a El País en Firefox 2.0" na versão em castelhano deste browser, segundo informa Juan Varela, de Periodistas 21. Ou seja, um diário gratuito destrona o título de referência dos jornais espanhóis. "La razón - explica Varela - es la diferencia en el modelo de negocio por la adopción de una licencia Creative Commons.Los gratuitos ganan a los medios de pago en innovación y sus peores márgenes de rentabilidad los empujan a buscar nuevos modelos de negocio más abiertos y flexibles".

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Relativamente ao meu comentário sobre a coluna de Eduardo Cintra Torres, no domingo passado, no Público, o autor enviou o texto seguinte: "O meu texto, que continuará no próximo domingo, pretende ser, em primeiro lugar, um «inventário», como lhe chamou Manuel Pinto. Essa sistematização implica alguma redundância a respeito de temas abordados consistentemente no espaço público. Acontece sempre com as sistematizações, sejam jornalísticas, académicas ou outras. Compreendo que para pessoas informadas não haja novidade em incluir a central de comunicação do actual governo numa sistematização das técnicas da nova propaganda política. Mas para os leitores do Público e a opinião pública em geral certamente fará sentido. E eu escrevo para um público amplo, não apenas para jornalistas e académicos. A questão da central é... central no tema do artigo, por isso a coloquei em primeiro lugar. O tema tem sido bastante abordado. Poderia ter desenvolvido, mas preferi concentrar-me em áreas da nova propaganda menos ou nada abordadas noutras notícias ou comentários. Acho incompreensível que a minha referência seja considerada uma «bojarda» quando o mesmo epíteto não foi aplicado neste blogue às notícias sobre a central do governo que saíram desde há meses em vários órgãos de informação, quer em notícias não desmentidas e em comentários (quer o de Barreto, que citei, quer por exemplo, na véspera, o de José António Lima, no Sol, ou até, na segunda-feira, o editorial do Jornal de Notícias). «Bojarda»? Gostava de perceber. O meu texto tem novidades, pelo que não entendo o tom da crítica por falta das mesmas: por exemplo, apesar de a notícias da demissão de Nuno Simas ter sido dada em inúmeros órgãos de informação, fui o primeiro e único a citar a sua carta de demissão, onde ele refere (ele, não eu) concretamente a questão da agenda como instrumental na sua decisão; é também nova a estatística que realizei (várias horas de trabalho) com as personalidades mais presentes nos noticiários. Trata-se de dados jornalísticos e de serviço público de informação. Sobre a presença de governantes na informação, o primeiro parágrafo do meu artigo exprime a opinião, já expressa noutras ocasiões: precisamos de informação governamental, claro. Sou o primeiro a dizê-lo. Mas o meu artigo é sobre técnicas de propaganda. A situação na Lusa quanto ao tema em apreço é grave para a independência da informação e lamento que o meu alerta - o primeiro de um comentador e com dados novos jornalísticos - seja desconsiderado. A situação na Lusa e na RTP tem de ser permanentemente acompanhada no espaço público. Considero que as técnicas de propaganda se exercem de forma muito acentuada nestes dois órgãos. Espero que este blogue, tão dedicado à liberdade de informação, acompanhe também com grande atenção o que se passa na LUSA e na RTP, nos respectivos serviços e por trás dos mesmos. É certo que por vezes se trabalha por «sinais». Eu faço-o, julgo que todos os jornalistas que investigam começam por fazê-lo. Neste artigo aviso os leitores das dificuldades de obter dados nesta matéria, pois qual é o jornalista que reconhece fazer fretes, qual é o governante que reconhece fazer pressões ilegítimas? Nenhum. E não o fazem por escrito nem em locais públicos. Mas, por ter de se partir, por vezes, de «sinais», até se chegar a factos não me parece justo diminuir-se em comentários esta investigação difícil de fazer. Espero que a referência a uma descredibilizadora ausência de factos em textos sobre esta matéria não seja aos meus artigos. Porque eu tenho apresentado factos. Os meus artigos representam muito trabalho de investigação e tratamento de informação. Seria mais fácil para mim escrever sempre sobre telenovelas e documentários. Mas nunca gostei de assobiar para o lado". Eduardo Cintra Torres

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Já foram escolhidos os blogues finalistas do International Weblog-Awards 2006 - The BOBs (Best of the Blogs), realizado anualmente pela Deutsche Welle. A selecção foi feita por um júri internacional, composto por jornalistas, investigadores e especialistas em blogues. Agora os internautas vão escolher quem será o ganhador em cada uma das categorias do prémio, entre elas, a de melhor blogue em português. Para votar, basta entrar no entrar no site do concurso. Os vencedores serão anunciados no dia 11 de Novembro.

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  • Can Firefox 2.0 Take Out Internet Explorer 7? "But if the browser battles are back in full swing, which one is winning the war?"
  • Observatorio Galego dos Medios (OM)- uma iniciativa do Colexio Profesional de Xornalistas de Galicia (CPXG), tendo como objectivo acompanhar o trabalho dos media e "na defesa de um sistema informativo livre, veraz e interactivo".
  • The Future of Social Media - Um texto da New Communications Review que aponta quatro tendências neste sector: "Social Media will become more of a business, but will retain the power from its personal passion, unlike new media in the big dotcom boom; More individuals will band together in networks small and large, changing the very notion of freelancing and employment; The corporation will be forever changed, traditional media will adapt before dying completely and all companies will become media companies thereby shrinking the advertising pie; Ultimately, Social Media will be a primary catalyst in saving the world?or bringing about our demise". (Dica de ContraFactos & Argumentos).
  • Congresso Internacional sobre o Novo Jornalismo - decorreu em Valencia, Espanha, no último fim de semana, com a presença, entre outros, de Dan Gillmor. Vários blogues fizeram acompanhamento em directo, como foi o caso de Nxtmdia ou do site do próprio Congresso. Algumas notas conclusivas podem encontrar-se no Guerra y Paz.

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Numa semana, os gratuitos estenderam a sua rede de distribuição a dois importantes centros populacionais e universitários: Braga e Coimbra. Hoje, acrescenta-se Guimarães à lista, segundo se pode ler na newsletter da Meios & Publicidade (acesso por assinatura gratuita). Tão importante como isto é a notícia de que quer o Destak quer o Metro se propõem criar as condições ( jornalísticas, supõe-se!) que permitam incluir notícias locais. Tinha-o afirmado o Destak na semana passada. Fá-lo hoje também o Metro. Tanto quanto se sabe, outros dados novos poderão ainda surgir no campo da imprensa gratuita e aquilo que foi anunciado como mero alargamento do raio de acção dos dois gratuitos de Lisboa e Porto pode ter sido, de facto, uma jogada de antecipação. Seja como for, estes factos parecem marcar uma nova etapa na implantação da imprensa gratuita no país e obrigam a repensar estratégias, num sector que vive uma profunda crise. Actualização (24.10): De novo a Meios & Publicidade a anunciar a extensão também a Guimarães da distribuição diária do gratuito Destak-

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"(...) Em 2000, a explosão da 'bolha' da Internet era explicada, entre outras razões, por um desajustamento entre a velocidade da evolução tecnológica e a absorção do novo meio pelas pessoas. Mas, quando os especuladores trocaram de alvo, as pessoas ficaram. E mudaram a Internet. O rumo da navegação passou a ser a Web 2.0, ou seja, a Web na qual ser parte já não é apenas escolher conteúdos mas sim construir (e partilhar) conteúdos". Miguel Gaspar, Diário de Notícias, 23.10.2006

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O "Olho Vivo" de Eduardo Cintra Torres - a sua coluna dominical no Público - chama a atenção para "As técnicas da nova propaganda" dos governos para marcar a agenda mediática e, assim, controlar a informação. A peça terá continuidade na próxima semana. É importante este alerta e, certamente, há , nos dados referidos, sinais a que importa estar atento. Tudo somado, porém, o que nos é dito contribui para um inventário de novas formas de propaganda, mas não adianta matéria muito consistente, se o objectivo é demonstrar práticas alegadamente adoptadas pelo governo actual. Que António Barreto tenha escrito no Público que Sócrates tem "ao seu serviço (...) uma imbatível organização de comunicação" e que "a organização da propaganda e das relações públicas, servida por centenas de profissionais, tem-se revelado impecável" não parece ser um grande argumento ... a não ser argumento de autoridade (?). É preciso dizer mais qualquer coisa para que a "bojarda" adquira conteúdo. Que este, como outros governos (este, porventura, de forma mais eficaz) recorram a eventos ou pseudo-eventos para ofuscar iniciativas que tomam como hostis também não parece ser novidade. Que os membros do Governo de José Sócrates tenham tido uma presença significativa ou excessiva nas notícias televisivas também parece depender dos motivos. Se há motivos jornalísticos e de interesse público para irem aos telediários, porque é que não hão-de ir? Não se tem sublinhado a multiplicidade de frentes em que o governo tem empreendido iniciativas, independentemente do que delas possamos pensar? Mas, se considerarmos o argumento mais de frente, teríamos de tirar dele todas as ilações. Se os ministros ou a "máquina de propaganda governamental" conseguem marcar as agendas e obter uma presença nas notícias para lá do que seria razoável qual a responsabilidade que nisso cabe aos próprios media e aos directores e editores da informação? Não tenho pejo em criticar e denunciar práticas efectivas de controlo do jornalismo e da sua independência face aos poderes. Mas tenho alguma dificuldade em embarcar em "sinais" ou em "fumos". Não quero ser ingénuo ao ponto de achar que não tem havido tentativas de controlo. Mas se a denúncia não se acompanha de factos descredibiliza-se. Além de comprometer também quem, nas redacções - na Lusa, mas também em todas as outras - acolhe eventuais pressões.

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" (...) mesmo no estrito respeito da verdade, nenhum tipo de jornalismo se pode assumir como tribunal do mundo. Mais ainda: qualquer jornalismo que abdique de pensar os seus efeitos sobre a comunidade está a favorecer uma perigosa infantilização daqueles que diz servir". João Lopes, Diário de Notícias, 22.10.2006

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O site do diário Le Monde dá hoje destaque à Web 2.0, entrevistando o sociólogo Jean-Claude Burgelman. Sobre a consistência do fenómeno, declara o analista:

"Sociologiquement, ce que nous observons n'est déjà plus un épiphénomène mais une tendance lourde. L'encyclopédie libre Wikipédia, par exemple, s'est très vite imposée, tout comme le site informatif Ohmynews, devenu le premier site d'informations en Corée du Sud. Ce qui est sûr, c'est que les gens qui se connectent aujourd'hui seront les adultes de 2025 et les seniors de 2045. Cette tendance a donc toutes les chances de perdurer. D'autant plus que nous vivons dans un monde beaucoup plus mobile, où chacun a besoin de se sentir en communauté comme il y a des centaines d'années. Or nous ne vivons plus dans le village où nous sommes nés. Ces technologies permettent de recréer de manière virtuelle ce besoin-là".
Acerca dos riscos de se multiplicar uma informação não verificável e, por conseguinte, não merecdeora de confiança, Burgelman observa o seginte:
"Le problème est réel, mais on remarque que les internautes sont vigilants. On sait quels sont les blogs les plus visités et donc les meilleurs. De la même façon, la sélection entre les sites, sérieux ou non, se fait très vite. Selon moi, l'idée d'être bientôt envahi par une information erronée ou manipulée ne tient pas. Ce qui a changé, et va se poursuivre, c'est que le nombre de personnes qui contribuent à mettre en ligne des informations ne sera plus de quelques centaines, mais de quelques milliers".

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O que ainda não vi no Sol foi "aquele modelo de pubicação muito diferente dos que conhecíamos", de que nos fala, em "confissões", o director. Menos ainda "um jornal como nunca se viu". Está bem que este último slogan era propaganda de lançamento. Mas quando "a bota não bate com a perdigota" a sensação de desencanto começa a espreitar. O contentamento de haver um novo semanário não está posto em causa. Ao olhar, porém, para as edições surgidas desde o nascer do Sol, nada de muito especial tenho a referir que não seja o próprio nascimento. Aguardemos mais um pouco.

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Mais um post da intervenção no 3º encontro de weblogs, realizado nos dias 13 e 14 na Universidade do Porto: O campo jornalístico traz a cidadania agarrada a si como o zumbido anda associado ao moscardo (para utilizar, noutro quadro, uma célebre imagem de Gabriel Garcia Marquez). Por um lado, a definição tradicional de jornalismo, nas suas versões mais centradas no interesse público, sempre acentuou o papel de capacitação da consciência e iniciativa dos cidadãos, através da relevante informação de actualidade criteriosamente produzida. Por outro lado, a crítica que ao jornalismo profissional se tem vindo a fazer, sobretudo no quadro daquilo que se vem chamando, talvez com demasiada facilidade, "Jornalismo dos cidadãos" (ou de base, aberto, em rede, participativo?) coloca de igual modo a cidadania no centro das atenções. Já não estamos propriamente no tempo - ainda recente - em que se debatia com vivacidade se os blogues são ou não são jornalismo. Os blogues estão longe - cada vez mais longe? - de esgotar o que de desafiante há para o jornalismo, mas é hoje inquestionável a relação estreita que existe entre a blogosfera e o campo jornalístico. Mas não estamos ainda, provavelmente, em tempo de poder fazer o rescaldo. E isto porque, apesar das análises que sublinham o jogo entre os dois universos, continua a existir uma forte tendência para aquilo que se poderia caracterizar como "canibalização" ou "demonização" recíproca. Essa tendência manifesta-se, do lado da blogosfera, na ideia de que o jornalismo profissional está morto e em vias de ser enterrado, suplantado que está pelo jornalismo da rua e de toda a gente. Do lado dos media, e fundada na presunção de que os blogs são tudo menos jornalismo, afirma-se a tendência de domesticar essa prática, integrando-a nos sites da web, como flor de lapela ou nicho de geeks e nerds.

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Os alinhamentos do Telejornal são o pretexto para uma entrevista que o JN publica hoje com Luís Marinho, director de Informação da RTP. Quase tudo o que diz Marinho é lamentável: - pela desqualificação que faz das críticas, pretendendo que todas elas se devem a "dores de cotovelo" pela atenção das audiências para com a informação da RTP: - pela forma descabelada e de ataque "ad hominem" como se refere ao crítico Eduardo Cintra Torres (pretendendo negar, além do mais, aquilo que é óbvio: o estatuto que esse crítico também acumula, de investigador do campo mediático e, particularmente televisivo); - pela justificação quase patética que pretende fazer do caso do alinhamento do Telejornal do passado dia 5 e o destaque manifestamente desproporcionado atribuído a um fait divers: "É importante - observa a esse respeito Luís Marinho - que as pessoas percebam o contexto. Percebo que, como estamos na estação pública, tem de se ter um certo tipo de trabalho. E acho bem. Em relação ao caso concreto, optamos por uma abertura que deu um pouco mais de realce a uma situação algo inusitada, que tinha terminado de madrugada e causado grande alarme público". Desde quando é que uma "situação algo inusitada", para cúmulo da natureza da que estava em jogo, merece um quarto de hora de Telejornal, no dia daquela que foi considerada por muitos a maior greve de docentes dos últimos anos? - E não será grave e preocupante que uma matéria causadora de "grande alarme público" seja tratada com o destaque e o modo como o foi naquele dia, num serviço público? Finalmente, parece-me muito difícil de aceitar a posição de arrogância e de auto-justificação em que o director de Informação se coloca nesta entrevista. Tem, naturalmente, todo o direito de se defender das acusações de manipulação política (ainda que algumas prestações recentes do canal não estejam a ajudar nada nesse sentido). Tem todo o direito a cometer erros e a exigir que não se avalie a prestação de um canal através de dois ou três casos. Mas, em nome do interesse público, julgo que não pode nem deve desqualificar quem exerce o direito à crítica, tomando a crítica como ameaça. Mais ainda: entendo que ao serviço público cabem especiais responsabilidades quanto à transparência da actuação. Sempre que há problemas que repercutem na qualidade da prestação do canal, parece-me que os telespectadores têm direito a conhecê-los. Nâo é apenas uma questão de respeito; é também um requisito que decorre do contrato especial implícito que une a RTP aos portugueses. Ora, nestes casos, já nos apercebemos que os telespectadores teriam ficado a ganhar (e a RTP também) se alguma explicação tivesse sido dada.

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Correio da Manhã: "Segundo dados dos sindicatos, cerca de 85% dos professores aderiram ontem à greve. Um número que deixou 90% dos alunos quase sem aulas e que levou ao encerramento de entre duas a três mil escolas. O Ministério da Educação é mais contido nas contas, apontando para uma adesão de 39%." Público: "A adesão dos professores ao primeiro dia de greve nacional, estimada em 85 por cento, é uma 'resposta extraordinária às propostas, à demagogia e às provocações do Ministério da Educação', segundo a Plataforma Sindical de Professores. Os sindicatos calculam que '90 por cento dos alunos' foram ontem afectados pela paralisação e que 'milhares de estabelecimentos de ensino foram encerrados' por falta de docentes. Os números do Ministério da Educação (ME) indicam que apenas 39 por cento dos docentes faltaram às aulas como forma de protesto e que 27 por cento das escolas estiveram fechadas em todo o país. Os dados referem-se apenas ao período da manhã. O total de faltas só será apurado dentro de dias, depois de ultrapassado o período legal para justificar as ausências junto das escolas, segundo o ministério". Diário de Notícias: "Os sindicatos de professores estimam que cerca de 85% dos docente, cerca de 119 mil, tenham faltado às aulas no primeiro de dois dias de greve nacional. Valores que, a confirmarem-se, fariam da paralisação de ontem a maior deste o final da década de 80. O Ministério da Educação, baseando-se em números do período da manhã, apontou para uma taxa de adesão à greve que varia entre os 28% e os 52% nas cinco regiões educativas. Apresentou ainda uma estimativa global de 39% de faltas a nível nacional, mas aparentemente engana-se nas contas". Jornal de Notícias: "A maioria das escolas portuguesas esteve ontem sem aulas na sequência do primeiro dia de greve de professores que, mais uma vez, suscitou leituras totalmente diferentes entre sindicatos e Governo. Os primeiros falam de uma adesão nacional a rondar os 85 % e os segundos contrapõem com menos de metade apenas 39 %".

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Aproxima-se dos 40 por cento a percentagem de lares em Portugal Continental com acesso à Internet, segundo os dados do estudo da primeira vaga de 2006 do Bareme Internet da Marktest. Esse valor é, de acordo com aquela empresa, dezassete vezes maior do que em 1997. A Marktest contabiliza em 1.352 mil os lares com internet, um número que representa 38.6% do universo de lares em estudo. A classe social é a variável mais dicriminante: a ligação à internet em casa é maioritária junto dos lares das classes alta - 85.0%. Na classe média alta e na classe média, os lares conectados são igualmente maioritários, 71.1% e 54.1%, respectivamente. Pelo contrário, apenas 32.2% dos lares da classe média baixa e 7.5% dos da classe baixa possuem ligação à internet em casa.

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Um grupo de cinco alunos do 5ºano do curso de Comunicação Social da Universidade do Minho (UM) venceu uma das três categorias do Concurso de Criatividade, da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA. Os autores do trabalho, Edna Ramos, Elisabete Morais, Flávio Matos, Manuel Costa e Manuela Couto, foram premiados, entre 18 grupos, na opção "Spot de promoção da realização do teste VIH/SIDA". A cerimónia oficial para entrega dos prémios está marcada para o próximo dia 1 de Dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Nessa sessão será também divulgado o novo plano de prevenção da SIDA bem como uma Embaixada da SIDA composta por figuras públicas. Nesse dia, os premiados apresentarão o spot publicitário, que está agora em fase de produção, destinado a ser exibido nos canais de televisão. Aos estudantes da Universidade do Minho juntam-se outros premiados no âmbito de diferentes categorias. O "spot de promoção do teste VIH/sida durante a gravidez" foi ganho por Mafalda Santos Silva Rebelo, do Curso de Som e Imagem da Universidade Católica Portuguesa. Os alunos do Curso de Cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema, João Ramos, Nuno Silva, Rui Pires, Gil Pereira, Cláudia Regina venceram a categoria "Spot de promoção da utilização consistente do preservativo nas relações sexuais", concorrendo com mais 22 projectos.

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Novos jornais gratuitos em Braga, Coimbra e Covilhã não são notícia? Pois ou as fontes informativas dos quatro principais diários andam muito esgotadas (a avaliar pelos respectivos sites esta manhã consultados) ou as do jornalista Hugo Real e da newsletter Meios & Publicidade batem toda a concorrência. É, de facto, por esta newsletter que ficamos a saber que, a partir de hoje, as cidades de Braga e de Coimbra passam a ter edições próprias do gratuito Metro. Para já com tiragem de 10 mil exemplares em cada uma das cidades, susceptível de ir até aos 15 mil, o gratuito, pasme-se, vai ser todo feito a partir de Lisboa. Hugo Real dá-nos igualmente notícia de um quinzenário gratuito - Já Agora - que começa a ser distribuído amanhã na cidade da Covilhã. Actualização (18/10): Também o gratuito Destak passa a ter, a partir de hoje, distribuição em Braga e Coimbra, segundo o Público de hoje.

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A comunicação que apresentei no 3º Encontro Nacional sobre Weblogs, que decorreu na sexta e no sábado no Porto, deu, na altura, origem a um debate que foi para mim importante. Como outras actividades não me permitiram continuar as trocas de opiniões então encetadas, irei publicando aqui os dez "posts" em que assentou o que disse. Isto na expectativa de que quer os que estiveram na Universidade do Porto quer outros interessados nestes temas possam ajudar a completar, corrigir e enriquecer as ideias que lancei. Esta comunicação procura chamar a atenção e reflectir sobre um aparente paradoxo: à primeira vista, a blogosfera - na esteira das dos newsgroups ou das BBS - veio alargar as possibilidades do exercício da cidadania. Uma profusão de experiências ? algumas das quais inovadoras ? de acção participada em rede têm vindo a ocorrer. Mas, por outro lado, há análises e balanços que apontam para um recuo e um enfraquecimento global da participação dos cidadãos na esfera pública, por efeito da prevalência da mercantilização da cultura e da política e do impacte de lógicas extremas de competitividade (Bardoel e d?Haenens, 2004:166)*. A pergunta, por conseguinte impõe-se: os sinais de participação social que em torno das ferramentas da web 2.0 se manifestam constituem o prenúncio de novas práticas sociais e de novas modalidades de participação ou, pelo contrário, remeterão para nichos de minorias entusiasmadas com o poder da tecnologia? É que poderia dar-se o caso de se estar a tomar a nuvem por Juno, extrapolando o nosso universo particular para a realidade mais geral. Ou, pelo contrário, perante os passos iniciais de um laboratório social em que algo de substancialmente novo se está a projectar. Do que se trata, pois, é de interrogar o real alcance do que se tem vindo a viver ou a descobrir, particularmente na última meia dúzia de anos, com base na 'web social'. Esta é, certamente, uma tarefa imensa, sempre inacabada e naturalmente merecedora de aproximações e contributos diversificados. Aqui focarei apenas alguns dos desafios e controvérsias que, na sua relação com a cidadania, têm atravessado o campo ao qual estou mais ligado, por formação e actividade: o jornalismo. (* Bardoel J.; d Haenens, L. (2004) Media Meet the Citizen - Beyond Market Mechanisms and Government Regulations. European Journal of Communication, vol 19(2): 165?194)

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Falar de imagens é aquilo que é proposto amanhã por José Carlos Abrantes, em Lisboa. Um dia a falar de imagens: será no auditório 1 da Universidade Nova de Lisboa, entre as 10 e as 18. Estará presente Monique Sicard, bem como Beatriz Batarda, Catarina Alves Costa, Eduardo Cintra Torres, Jacinto Godinho, José Carlos Abrantes, Lídia Jorge, Maria José Palla, Paulo Filipe Monteiro, Pedro Serrazina, Rui Cádima e Sérgio Treffaut. Segue-se, às 19, a apresentação do livro "A Fábrica do Olhar", de Monique Sicard, que inaugura uma colecção editorial de livros sobre Imagem, das Edições 70. Terá lugar na Livraria Almedina, em Lisboa. "Como podemos - ainda - acreditar nas imagens? Como podemos considerá-las testemunhas absolutas se temos por evidente que a imagem não é a coisa, o mapa não é o território?" - interroga-se, na obra de Sicard.

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"El periodismo, tanto el informativo como el de opinión, es el mayor garante de la libertad, la mejor herramienta de la que una sociedad dispone para saber qué es lo que funciona mal, para promover la causa de la justicia y para mejorar la democracia". Mario Vargas Llosa, ao receber, quarta-feira passada, o Prémio Cabot, o mais antigo galardão internacional de comunicação, na Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia (Nova Iorque), cit. in El País.

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Arranca hoje, prolongando-se até ao fim do dia de amanhã, o 3º Encontro Nacional de Weblogs. A organização coube ao Curso de Jornalismo da Universidade do Porto, depois da Universidade do Minho (em 2003) e da Universidade da Beira Interior (em 2005). O programa indicia algum amadurecimento do fenómeno - quer pelo desenvolvimento de experiências centradas ou apoiadas na ferramenta dos blogues, quer através dos estudos sobre a blogosfera. Mas importa ter em consideração que esse "fenómeno" social e cívico da blogosfera extravasa as dimensões que neste tipo de encontros se contemplam. No tópico que me cabe propor a debate, neste encontro, irei reflectir sobre as relações entre cidadania, blogues e jornalismo. Os dois campos - o jornalismo e uma parte da blogosfera - que são, com frequência apresentados como contrapostos, ou como procurando canibalizar-se entre só ganharão em ver-se como players de um jogo ou actores de uma peça mais ampla. Ganharão, ainda, em explorar e aprofundar tanto aquilo que os aproxima como aquilo que os distingue. O jornalismo entendido como "conversação pública" representa um repto ao jornalismo dos profissionais e das empresas jornalísticas (enquanto ampliação dos 'pólos de enunciação' na sociedade e, talvez sobretudo, enquanto interlocutor crítico do jornalismo institucionalizado). Mas não pode prescindir do trabalho profissional (ainda que necessariamente mais transparente, e menos arrogante e autista) daqueles que podem e devem dedicar-se a rastrear, ponderar, reflectir, enquadrar, verificar a informação. Podem ser entendidas como ondas de um mesmo movimento ou campo, mas não se confundem entre si. Vamos, pois, à conversa. Também por aqui.

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Ocorre hoje (às 18.30, no Convento da Trindade, em Lisboa) a apresentação do livro de Ana Cabrera "Marcello Caetano: poder e imprensa", editado pela Livros Horizonte. Trata-se de um trabalho que resultou, no essencial, da sua tese de doutoramento, que constitui mais uma peça importante para o tão carecido conhecimento da história do jornalismo e dos media em Portugal, cobrindo o período que vai de 1968 a 1974, em que Marcello Caetano foi primeiro primeiro-ministro. De facto, o interesse deste estudo vai bastante para além do período final do "Estado Novo", na medida em que acompanha a trajectória política de Caetano e o modo como foi, em certa medida, pioneiro, entre nós, na utilização dos media, nomeadamente a televisão. O livro de Ana Cabrera cobre temáticas como a constituição dos grupos com interesses no sector dos media, as relações do poder com a Imprensa, os mecanismos da censura, a situação profissional dos jornalistas, a situação e organização das redacções, entre outros.

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Os dados falam por si: entre 1997 e o ano corrente, a percentagem de jovens espanhois que lê um jornal caiu de 21 % para 14,5, Os dados são da Asociación de Editores de Diarios Españoles e são chamados a destaque no jornal online Periodista Digital (cf. Los jóvenes le dan la espalda a la prensa escrita, de Elena Regoyos). Num panorama considerado preocupante (para ser suave na adjectivação), surge um dado positivo: a idade média do leitor habitual de imprensa escrita estagnou nos 43 anos, contrariando a tendência para o envelhecimento.

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Sob o tema geral "Comunicação e cidadania", realiza-se de 6 a 8 de Setembro de 2007, na Universidade do Minho, o V Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM). A tarefa da organização caberá ao Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) , em estreita cooperação com o Departamento de Ciências da Comunicação. Depois de Lisboa, Covilhã e Aveiro, é agora a vez de Braga acolher a maior iniciativa da jovem comunidade portuguesa das Ciências da Comunicação. Será em breve divulgado o calendário relativo à apresentação de comunicações e às inscrições.

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"Passaram já alguns anos. Sena Santos desapareceu de circulação e a verdade é que muitos já nem se lembram dele. Aparece, em pequeníssimas letras, num trabalho de transcrição para um jornal acolhedor, e mais nada. Ora se a nossa culpa pode ser inextinguível, a culpa objectiva, social (a não ser que se tenha morto o pai e a mãe, ou a mulher e os filhos) tende a desvanecer-se. É isso que deveria estar a acontecer com Sena Santos. Não o tenho visto, não sei nada dele. Mas sinto a sua falta, o que é de certo modo uma forma de presença. Creio que é altura de termos de novo Sena Santos no programa da manhã de uma qualquer rádio - eu lá estarei a ouvir. Ninguém era capaz de falar com tanta facilidade e desenvoltura de cinema ou ópera, de futebol ou política, de questões locais ou dos grandes problemas internacionais. E não conheço ninguém capaz de suscitar ao microfone aquela espécie de ritmo contagiante que era a grande marca radiofónica de Sena Santos. Espero ouvi-lo muito em breve - porque o jornalismo radiofónico precisa de gente assim". Eduardo Prado Coelho, Público, 9 de Outubro de 2006

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Li algumas críticas que me pareceram sérias e pertinentes a respeito do Telejornal da RTP1 do feriado de quinta-feira, dia 5. Não tinha visto as notícias nesse dia, pelo que me dei a tarefa de ir ao site da RTP rever esse vídeo. O que aí se pode observar é, de facto, dificilmente aceitável, qualquer que seja o ponto de vista que se adopte. A peça de abertura retoma o caso do sequestro num banco de Setúbal. É verdade que o desfecho só na madrugada do próprio dia 5 se verificara, mas o assunto já tinha sido tratado de véspera e nada justificava as delongas em torno do modo como as forças policiais actuaram, com um representante da PSP em estúdio, comentando imagens das operações para libertar os reféns. Os pormenores arrastam-se por uns incompreensíveis 16 minutos, explorando um acontecimento que não mereceria mais de um ou dois minutos. Segue-se, no alinhamento, a notícia da subida das taxas de juro, decretada pelo Banco Central Europeu. Seis minutos foi quanto os responsáveis do Telejornal atribuiram à matéria, apesar de a própria peça negar a importância que lhe foi dada, ao notar que o anúncio foi "o que já todos esperavam" e que "a razão é sempre a mesma". O motivo da notícia era escasso, mas a RTP entendeu encher chouriços indo para a rua fazer aquelas perguntas óbvias que só podem receber respostas igualmente óbvias. Tudo o contrário daquilo que se costuma entender por jornalismo. É em terceiro lugar, quando se leva já, mais de 22 minutos de Telejornal que chega uma das mais importantes notícias do dia: a manifestação de professores em Lisboa, que o autor da peça considera "a maior desde o 25 de Abril" e, mesmo, "o maior protesto de rua de sempre" da classe docente. Se assim foi, será aceitável que o assunto tenha sido colocado em terceiro lugar e tratado de fugida? Os 2,5 minutos que ocupa tornam-se ridiculos em face dos 16 atribuídos a um sequestro requentado. E não é apenas a duração da peça. O tratamento é do mais convencional que pode haver. A outra notícia do dia - o agendamento político do problema da corrupção pelo presidente Cavaco Silva, no seu discurso comemorativo da implantação da República - surge em quarto lugar, já perto das 20.30. Igualmente a correr, já que o destaque, nesta matéria, vai para a abertura do Palácio de Belém à visita dos populares. Torna-se deprimente ver José Alberto Carvalho como pivot de um serviço destes. E torna-se, sobretudo, preocupante, ver o serviço público dar sinais de um enviesamento que não pode deixar de ser denunciado.

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Como é que os jornalistas portugueses se definem a si mesmos, perante o espectro das posições políticas? E qual a relação entre esses posicionamentos e os da população em geral? Ora aí está um objecto interessante de estudo que, tanto quanto sei, não tem sido investigado entre nós. E, no entanto, tal factor pode ter algum reflexo na análise da orientação político-ideológica dos media dominantes. Acaba de sair, nos Estados Unidos da América, um novo estudo sobre este assunto: "The American Journalist in the 21st Century: US News People at the Dawn of a New Millenium", da autoria da equipa de investigadores constituída por David Weaver, Randal A. Beam, Bonnie J. Brownlee, Paul S. Voakes, e G. Cleveland Wilhoit (Lawrence Erlbaum ,2006). Na verdade, trata-se da quarta vaga de resultados de um estudo que se repete de dez em dez anos, desde 1972. As conclusões decorrem da entrevista telefónica a 1149 jornalistas de media "mainstream" e apontam no sentido de que os jornalistas pendem significativamente mais para a esquerda do espectro político do que a população em geral. Contudo, essa tendência dá sinais de estar a inverter-se, o que acontece pela primeira vez, desde que o estudo se iniciou, nos anos 70 [sublinhe-se, porém, que a comparação com a população dos EUA não é feita através de dados do mesmo estudo, mas comparando com sondagens efectuadas pela Gallup]. Os dados de 2002 não podem ignorar os efeitos dos atentados terroristas de 11 de Setembro. Como não tive ainda acesso ao livro (vi a referência aqui), ignoro se e de que modo o assunto é analisado e debatido. Mas irão certamente continuar a alimentar as discussões sobre o "media bias" - entre os defensores do argumento de um "liberal bias" dos jornalistas e, por outro lado, os que subavaliam o poder de influência dos profissionais quando comparado com os poderes dos directores e gestores editoriais e dos estrategas do marketing, no quadro dos grandes grupos de media.

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"Quels défis pour les médias en ligne?" é o tema da conversa em directo que, no site de Le Monde, poderemos ter esta tarde (a partir das 16) com Francis Pisani, jornalista que vive em São Francisco e aue anima o blogue Transnets.

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"Um oficial da polícia de choque do Zâmbia visto por um vidro partido, após a onda de violência que assolou Lusaka. (...)" Fotolegenda no site do Sol. "O FC Porto perdeu o seu primeiro jogo da Liga na presente temporada. O seu algoz foi o Sporting de Braga, ex-equipa orientada pelo actual técnico portista, que venceu por 2-1. (...)". Título principal do Diário Digital, às 23.10.

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A propósito deste post, vale a pena ler o texto do Provedor dos Leitores do DN de hoje.

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O Público dá hoje um salto significativo no seu site na Internet, criando um dispositivo que permite consultar as notícias da edição impressa no seu contexto de paginação, sem que tal dificulte a leitura: ao clicar numa peça da edição em pdf, acede-se ao texto em formato simples e manuseável Por outro lado, a disponibilização do conteúdo do Público em regime livre - com excepção dos colunistas - é uma medida que, do ponto de vista dos leitores é de saudar. Este recuo face à decisão tomada há cerca de ano e meio tem um significado que vai certamente para lá do próprio Público. É igualmente de saudar o alargamento das facilidades de consulta do arquivo, ainda que os montantes que os não-assinantes terão de pagar por peça ou por edição me pareçam elevados - não em termos absolutos, mas do ponto de vista do incentivo que seria desejável instituir, nomeadamente para actividades pedagógicas, por exemplo. Resta saber em que medida estas inovações, que são de assinalar, não representam uma inflexão estratégica do jornal, no sentido do desinvestimento na edição impressa e no reforço da presença on-line. O director do Público on-line, José Vítor Malheiros, parece desenhar precisamente esse cenário, quando refere, na edição impressa de hoje, que "num contexto em que as vendas de jornais em papel vêm a decrescer, o caminho da imprensa tem de passar pela Internet, que tem tido uma evolução positiva". Seria um pouco como o futuro do Libération, em França, caracterizado há dias no próprio Público, como "um pequeno jornal com um grande site na Net"? Veremos as novidades que nos trarão os próximos meses.

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" (...) O jornalismo português ganhava em só ter profissionais com o curso de Jornalismo, dos verdadeiros. Eu dou rapidamente esse curso: ser jornalista é ser tradutor. Só isso. Um tradutor é um tipo que entende duas línguas: aquela que ele sabe e os leitores não sabem, língua essa que ele verte para aquela que ele e os leitores conhecem. Quer dizer, sem entender a misteriosa ou longínqua coisa que têm para dizer, os jornalistas não são nada, porque não têm nada para dizer. (...) O preconceito de que bons são os jornais com conceitos está a acabar, mas da pior maneira. Não porque se tenha, enfim, entendido que os grandes personagens dos jornais são as pessoas e os factos, mas porque os jornais com conceitos definham. Temo que se chegue à conclusão que a culpa é dos leitores que são burros. Quando burros são os jornalistas que não entendem o que fazem, não entendendo não traduzem, não traduzindo são ignorados". Ferreira Fernandes, in Correio da Manhã, 1 de Outubro de 2006

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